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Um Bom Natal

A época festiva que atravessamos não tem uma relação próxima com o que a tradição determinava. A culpa é da pandemia, que resulta de um vírus que teima em aparecer onde não é convidado. O Natal é uma época em que as pessoas ficam mais tolerantes e ternas, ainda que existam mais exceções do que seria desejável.

Desportivamente o último fim de semana foi mau para o futebol português, pois se os primeiros quatro venceram, com naturalidade excessiva, a superioridade evidenciada pelos autoproclamados grandes foi por demais evidente, traduzida em três goleadas, o que sublinha a baixa competitividade do futebol luso, algo que deve preocupar os principais responsáveis, um tema a que voltarei em breve para uma reflexão consistente.

O SC Braga, vindo de uma goleada histórica e humilhante sofrida no estádio do Bessa, que o colocou fora da final four da Taça da Liga, recebeu a equipa da B SAD, que abordarei adiante. O jogo contra as panteras fez sangrar bem fundo as almas braguistas que acreditavam que o superior valor da sua equipa os guindaria, uma vez mais, às decisões da competição, mas o justo apurado seria o Boavista.

Foi num contexto de tristeza profunda que a Pedreira acolheu, tardiamente e numa noite fria, o lanterna vermelha, B SAD. A equipa de azul é uma espécie de empresa que compete na liga principal, depois da dolorosa separação da sociedade desportiva com o Clube de Futebol Os Belenenses, algo que deve fazer pensar os caminhos de aproveitamento por vezes seguidos e que já levaram à extinção clubes como o Aves ou o Beira-Mar, cujos “investidores” pareciam representar a sua salvação e não passaram dos coveiros que ditaram o seu fim e a sua refundação.

A equipa da Bracara Augusta, fruto do contexto negativo em que surgia em campo frente à B SAD, precisava de um golo cedo que acalmasse as mentes dos seus intérpretes no relvado e os seus apoiantes, que estavam nas bancadas, numa demonstração de bravura que aqui sublinho, ao trocar a comodidade do sofá ou do café pelas condições adversas que a deslocação ao estádio implica, sem esquecer aqueles que gostariam de estar ao lado dos jogadores, mas que, por várias razões, não conseguiram. Esse golo apareceu ainda não se tinha completado o primeiro minuto de jogo, por intermédio de Moura, mas a festa que dele resultou não voltou a repetir-se até ao seu epílogo, ainda que algumas chances para isso acontecer tenham existido, onde o destaque especial vai para a bola em que Abel Ruiz viu o poste inviabilizar os seus festejos.

Hoje é dia de Taça de Portugal e a defesa do título passa pelo difícil reduto do Vizela, que pelas suas características agrava ainda mais os obstáculos. Pela parte do SC Braga peço aos elementos do grupo que confiem nas suas capacidades, sejam determinados em doses, no mínimo, iguais aos vizelenses e tenham competência suficiente para prosseguir a defesa do título. Afinal, não todos os dias que se consegue defender um título, em clubes com a dimensão dos bracarenses, pelo que os jogadores devem sentir bem fundo essa responsabilidade de quem almeja chegar de novo à hora de decisão deste troféu, que tem em Braga um lugar especial. Quem sabe o braguista Marcelo Rebelo de Sousa volta a entregar um troféu no palco das comemorações. Passo a passo, num caminho complicado, em que Vizela representa uma etapa a superar.

A todos desejo um Bom Natal, com ênfase especial para aqueles braguistas que choram e riem pelo símbolo do SC Braga e que nunca permitem que ele caminhe sozinho.


Autor: António Costa
DM

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23 dezembro 2021