Nenhuma coisa se cria por si mesma, no princípio de tudo teve da haver “algo” que não procedesse, por sua vez, de outra coisa. Quer dizer, o que não se criou a si mesmo necessita de outro para lhe dar origem, pois o nada, nada gera, pelo que só um ser absoluto pode ser a causa suficiente e última. Considerando que toda a matéria está sujeita ao princípio da inércia, e em qualquer lugar do mundo encontramos movimento, este tem de partir de um primeiro motor, que não seja movido por nada, nem por ninguém. Se do inerte não brota vida e se tudo o que existe está sujeito a uma intrincada e complicada ordem do universo, é mister reconhecer que não é inteligível ser obra do acaso, mas sim, o resultado duma Inteligência Primeira, mental e espiritual, incriada mas criadora da ordem.
O ser humano é capaz de pensar, de falar, de ter ideias, de decidir, de querer, de sentir e de amar. Esta é a sua essência, o seu distintivo como pessoa responsável, livre e consciente da sua superioridade em relação aos outros seres vivos, animais e plantas, que se movem de acordo com os estímulos, os instintos e as leis da natural.
Esta realidade tão simples e clara, conduz-nos à evidência de que a Inteligência Primeira é omnisciência, é sabedoria, é omnipotência, é o impulso de um Criador que só pode ser Deus, princípio e sentido único de toda a existência.
A existência de Deus pode ser demonstrada mediante a razão, pela filosofia, mas isso não quer dizer que possa ser demonstrada pela ciência. As ciências experimentais operam exclusivamente sobre quantidades mensuráveis e formulam as suas teorias exclusivamente sobre elas.
Deus não se encontra no campo do conhecimento científico, e por este motivo, as ciências experimentais não podem demostrar a inexistência de Deus.
Os métodos rigorosos de investigação e de trabalho das ciências experimentais são delimitadas no seu campo de acção, não conseguem chegar a outras áreas de conhecimento, o que é perfeitamente natural e compreensível. Ao abordarem o problema da existência de Deus reduzem-No às categorias do espaço e do tempo, como se se tratasse da existência de mais uma “via láctea”, mas a Sua grandeza não cabe dentro de tais existências, paradigmas ou modelos.
O vazio quântico é um manancial de potencialidades, uma essência misteriosamente numinosa de poder ilimitado em virtude do qual se materializa o universo inteiro.
Antes do tempo e do espaço, só existia o vazio quântico, porém, há aproximadamente 13.000 milhões de anos, aconteceu uma série de mudanças extraordinárias.
No exterior do nada inefável, uma quantidade imensa de energia apareceu de repente num espaço menor do que um átomo. Instantaneamente, esse grão subatómico explodiu, expelindo toda a matéria e energia de que se formou o universo.
De imediato e, inexplicavelmente, um outro fenómeno se produziu, algo parecido a uma anti gravidade, que se activou para dotar essa expansão cósmica de um hiper-impulso.
Em simultâneo, a velocidade e a força destes “fenómenos”, ficaram em perfeita consonância evitando que o “Big Bang”, Grande Explosã0, se convertesse num “Big Crunch”, Grande Colapso ou explosão descontrolada. Graças a estes “excepcionais acontecimentos”, o universo situou-se, delicadamente e misteriosamente, num ponto de equilíbrio entre a aniquilação imediata e a expansão interminável, permitindo que se convertesse no centro de onde surgem os quarks, os electrões e os muões, sementes que se convertem em estrelas, planetas e galáxias.
Face a este processo de criação a partir do nada e instantaneamente, não é difícil imaginar que os cientistas se sintam um pouco desconfortáveis ou mesmo incomodados com o “Criador”, omnipresente, omnipotente, imaterial e não físico, de onde se pode inferir algo ou “Alguém” que não está qualificado na área da ciência, disciplina assumida como estritamente materialista.
O nosso Universo é um lugar muito especial, perfeitamente ordenado, com uma inimaginável combinação de parâmetros, que estão muito para além de tudo o que pode e tem sido demonstrado. Defender a sua origem a partir do vazio científico ou do nada “budista”, é uma questão que nos conduz de imediato à busca e ao sentido final da vida.
A realidade última deste planeta que não é contingente e deu origem a tudo o que existe, será matéria, energia, vazio ou Deus?
A Realidade Última é a fonte da qual brota todo conhecimento, está para além dos limites da ciência empírica, é Algo ou Alguém que não pode ser meramente descoberto, pois na realidade, Ele já foi identificado: “No princípio era oLogos”.
Autor: Maria Susana Mexia
Tudo o que existe tem uma causa!
DM
21 março 2020