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«Transplante» ou «implante»?

  1. Só cavilosamente se poderá presumir que, igualando-nos ao mundo, não nos contaminaremos com o pior que há no mundo. Se o objectivo é ser igual, como conseguiremos saber quando temos de ser diferentes?
  2. Infelizmente, somos cristãos num mundo onde há delitos que nem os mais pequenos poupam.Quando tais crimes são cometidos por cristãos, tornam-se ainda mais graves. Porque, desse modo, anula-se a diferença que eles deveriam acautelar a todo o custo.
  3. É claro que os cristãos não deixam de ser homens. Mas se não estão dispostos a fazer melhor que os piores actos humanos, terá sentido que se apresentem como cristãos?
  4. Os cristãos são chamados a ser diferentes para que o próprio mundo não se mantenha igual. O caminho não é, pois, a igualização. Também não é o distanciamento. O caminho tem de ser a diferença.
  5. Houve, efectivamente, um tempo em que se acentuou tanto a diferença que até parecia que os cristãos não estavam no mundo. Mas vivemos num tempo em que vincamos tanto a presença que parece que os cristãos já não são portadores de qualquer diferença.
  6. Tão preocupados nos mostramos ante a eventualidade de anunciar um Cristo sem mundo que nem nos apercebemos do risco de nos encontrarem no mundo sem Cristo. Há quem fique apavorado com a suspeição de perfilhar uma atitude conservadora. Como pode ser conservadora a mensagem mais transformadora da história? Conservador é quem se resigna ao mundo tal como ele está.
  7. Afinal, preferimos o «transplante» ou o «implante»? Queremos que a Igreja «implante» Cristo no mundo ou limitamo-nos a «transplantar» o que se vive no mundo para a Igreja?
  8. Os males que afectam os cristãos radicam no afastamento de Cristo e na adopção de um perfil de conduta mundano. Quem segue os critérios do mundo tanto se dispõe a incorporar o que nele há de melhor como se expõe a reproduzir o que nele existe de pior.
  9. Como alertou Joseph Ratzinger, quem faz do mundo critério tem de esperar «grandes abalos». Sucede que as crises, que tanto nos fazem doer, também acabarão por purificar.
  10. A Igreja continuará presente «no» mundo se procurar ser diferente «do» mundo. O próprio mundo perceberá que é pela diferença que será mais bem servida pela Igreja. É uma diferença que tem um rosto e um nome: Jesus Cristo. A Igreja de Jesus Cristo nunca desaparecerá!

Autor: Pe. João António Pinheiro Teixeira
DM

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25 setembro 2018