- Só cavilosamente se poderá presumir que, igualando-nos ao mundo, não nos contaminaremos com o pior que há no mundo. Se o objectivo é ser igual, como conseguiremos saber quando temos de ser diferentes?
- Infelizmente, somos cristãos num mundo onde há delitos que nem os mais pequenos poupam.Quando tais crimes são cometidos por cristãos, tornam-se ainda mais graves. Porque, desse modo, anula-se a diferença que eles deveriam acautelar a todo o custo.
- É claro que os cristãos não deixam de ser homens. Mas se não estão dispostos a fazer melhor que os piores actos humanos, terá sentido que se apresentem como cristãos?
- Os cristãos são chamados a ser diferentes para que o próprio mundo não se mantenha igual. O caminho não é, pois, a igualização. Também não é o distanciamento. O caminho tem de ser a diferença.
- Houve, efectivamente, um tempo em que se acentuou tanto a diferença que até parecia que os cristãos não estavam no mundo. Mas vivemos num tempo em que vincamos tanto a presença que parece que os cristãos já não são portadores de qualquer diferença.
- Tão preocupados nos mostramos ante a eventualidade de anunciar um Cristo sem mundo que nem nos apercebemos do risco de nos encontrarem no mundo sem Cristo. Há quem fique apavorado com a suspeição de perfilhar uma atitude conservadora. Como pode ser conservadora a mensagem mais transformadora da história? Conservador é quem se resigna ao mundo tal como ele está.
- Afinal, preferimos o «transplante» ou o «implante»? Queremos que a Igreja «implante» Cristo no mundo ou limitamo-nos a «transplantar» o que se vive no mundo para a Igreja?
- Os males que afectam os cristãos radicam no afastamento de Cristo e na adopção de um perfil de conduta mundano. Quem segue os critérios do mundo tanto se dispõe a incorporar o que nele há de melhor como se expõe a reproduzir o que nele existe de pior.
- Como alertou Joseph Ratzinger, quem faz do mundo critério tem de esperar «grandes abalos». Sucede que as crises, que tanto nos fazem doer, também acabarão por purificar.
- A Igreja continuará presente «no» mundo se procurar ser diferente «do» mundo. O próprio mundo perceberá que é pela diferença que será mais bem servida pela Igreja. É uma diferença que tem um rosto e um nome: Jesus Cristo. A Igreja de Jesus Cristo nunca desaparecerá!
Autor: Pe. João António Pinheiro Teixeira