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Teto salarial para o Teto!

A Federação Portuguesa de Futebol (FPF) divulgou recentemente a intenção de fixar um teto na “massa salarial” para as equipas que disputam o escalão maior das competições femininas de futebol em Portugal, o que não irá acontecer (pelo menos para já), conhecida a decisão após uma reunião realizada na passada quarta-feira entre o Sindicato de Jogadores de Futebol (SJPF). É sabido que esta intenção da FPF, parece ter “ajudado” a criar o movimento “Futebol sem Género,” que conta já com mais de 200 praticantes de futebol, que mostraram a sua indignação ao considerarem esta iniciativa como um fator de descriminação para com as mulheres que praticam esta modalidade. Confiando em informações de vários órgão de comunicação social, parece ser ainda intenção deste Movimento, reunir com algumas forças partidárias, nomeadamente com o Bloco de Esquerda, assim como, com a Secretária de Estado para a Cidadania e Igualdade. É importante esclarecer aqui, que esta intenção, não limitava qualquer teto ao vencimento das atletas “per si”, mas sim ao conjunto do total dos vencimentos de cada plantel. A intenção e justificação da FPF ao anunciar este teto, tem logicamente a ver com a criação de “regras”, ou estratégias, para criar maior equilíbrio competitivo entre as equipas que disputam a primeira divisão (Liga BPI). Claro que indiretamente, esta medida promoveria e defenderia melhor as jogadoras formadas localmente e as jovens praticantes portuguesas, enviando a contratação, tantas vezes injustificada, de jogadoras estrangeiras. De toda a análise pessoal sobre esta situação, apenas encontro um ponto eventualmente fraco no meio deste “barulho”, o facto de “afastar” o nosso representante nacional, um pouco mais, da competitividade internacional nas provas de Clubes da UEFA, mas se formos por aí, eventualmente nem com uma “massa salarial” de 3 milhões de euros será suficiente para chegar aos quartos-de-final da Champions League feminina. Claro que, como em tudo, parece existir alguns “grupos de interesse” que não estão minimamente preocupados com a sustentabilidade dos clubes, formação e proteção da jogadora nacional, aumentos do número de praticantes e clubes, equilíbrio e interesse social da competição maior do futebol feminino, e tudo o que tem a ver com desenvolvimento desta modalidade. Será preocupante pensar, e espero estar enganado, que o setor empresarial de representantes de jogadoras, poderá estar a defender um único interesse, o do lucro nas transações, usando a bandeira da igualdade de género para outros benefícios. É indiscutível que o Futebol feminino tem sido verdadeiramente valorizado nos últimos tempos por parte dos agentes da modalidade, nomeadamente por parte da FPF, e vai certamente continuar no futuro, dando destaque aos fatores que na realidade promovem o seu desenvolvimento e a igualdade de género. Para já, pede-se a todos os agentes que olhem para a formação no masculino e no feminino da mesma forma, que se formem mais treinadoras, que integrem mais mulheres como dirigentes nos Clubes, Associações e Federação, e sobretudo não vender sonhos de um futuro profissional a jovens, que antes disso, têm que ter um bom plano B.
Autor: Fernando Parente
DM

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26 junho 2020