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Terrorismo, a oitava praga

Há aqui um só culpado: o fanatismo ideológico-religioso. Quando esta “arma” é despoletada, quando tudo é calculado em nome duma doutrina, quando se perdeu o respeito pela vida humana, então esta arma torna-se de tal maneira letal, que não há quem a detenha ou silencie. A doutrina que sustenta esta barbárie, é o fanatismo que é uma espécie de cegueira do racionalismo e a morte absoluta e obtusa da alma, alma enquanto expressão da moral e do direito individual e coletivo.

O que vemos um pouco, diria, um muito, pelo médio oriente, é a inequívoca prova de que ali pereceu o bom senso e faliu o respeito pelos outros. Ao diálogo da paz, seguiu-se o solilóquio odiento. António Guterres, no seu discurso de tomada de posse, colocou o dedo nesta ferida porque, bem formado como é, sabe que estão abertas chagas sangrentas e, pior que isso, outras se abrirão quiçá maiores e mais dolorosas.

A ONU, de que é agora o máximo responsável, vai fazer o que lhe é possível, mas ao analisar a má vontade do recém-eleito presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, nada de bom se augura para esta organização. É pena que a ONU não tenha já o poder, e já agora o prestígio suficientes para ser um dos mais influentes árbitros do mundo. Seria bom que os tivesse porque com um presidente de formação profunda humanista cristã como Guterres, muitas dessas chagas poderiam cicatrizar. Estou convicto disto.

Mas no mundo dos interesses em contenda, as boas vontades norteadas por interesses sublimes de paz e harmonia não passam de uvas passas num bolo de natal. O terrorismo está espalhado. São águas vadias que se esgueiram e nem sequer se denunciam. Não está apenas na Síria ou na Turquia. Está em Berlim, em Londres, em Paris, nos terminais ferroviários, nos ajuntamentos festivos, no chão, no ar, em todos os lugares onde possa matar sem olhar a crianças, mulheres e homens. É a oitava praga.

Como combatê-lo? Penso que é na nascente que se combate a contaminação da água que demanda a foz. Quem dá dinheiro, tanto dinheiro, para este terrorismo? Onde está a fonte de financiamento? Se a fonte doutrinária é a torrente que faz tal caudal, tem de ser silenciada para o podermos estancar. Uma víbora torna-se inofensiva quando lhe tiram os dentes. Sem isso todo o esforço é inglório e toda a vitória militar é um intervalo.

Alivia mas não cura. Esta oitava praga que vem de longe, dizem que do tempo dos cruzados, é a nódoa grande que alastra. E se agora ainda não chegou a Portugal é porque não somos suficientemente “notáveis” para dar o espetáculo de grande e estrondoso massacre público. No entanto, estejamos atentos porque a qualquer momento Portugal pode tornar-se tristemente notável.


Autor: Paulo Fafe
DM

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9 janeiro 2017