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Terapia da fala: cuide da sua voz

Rouquidão, alterações na voz, tosse ou pigarro frequente, dor e cansaço vocal são alguns dos sinais de alarme que indicam que a sua voz não está bem e que precisa de ajuda. A 16 de abril comemora-se o Dia Mundial da Voz, pelo que se torna importante transmitir conselhos úteis para a população bem como abordar o papel do terapeuta da fala nos cuidados vocais. A voz é o som produzido pelo ser humano e que o identifica quanto à sua idade, sexo, raça, características da personalidade, estado emocional e nível sociocultural. É o resultado do equilíbrio da vibração das cordas vocais, devido à passagem do ar dos pulmões (expiração) e à ação dos músculos da laringe. O som produzido na laringe é modificado e amplificado nas cavidades de ressonância, ou seja na faringe, cavidade oral e nasal e seios da face. Quando aparecem alterações vocais, estas resultam de um desequilíbrio no sistema respiração-fonação-articulação do som causado por alterações de natureza física e/ou ambiental assim como por fatores condicionantes da vida como, por exemplo, o stress. Pelo facto de estas alterações vocais não se coadunarem com a idade, sexo e padrões socioculturais do indivíduo, podemos dizer que estamos perante um quadro de disfonia, que normalmente se traduz por rouquidão e sensação de corpo estranho na laringe, ardor e dor laríngea. Existem fatores preponderantes para um bom desempenho vocal, dos quais alguns são passíveis de serem controlados pelo próprio indivíduo, enquanto outros não. Assim, como fatores que condicionam a qualidade vocal destacamos a poluição, a exposição prolongada em ambientes com ar condicionado, as diferenças de temperatura, a acústica do espaço e ruído ambiente. Há atitudes diárias que atuam diretamente no indivíduo, tais como o consumo de tabaco e de bebidas alcoólicas, de bebidas a temperaturas extremas, maus hábitos alimentares e de hidratação, gritar, falar rápido e durante muito tempo, sussurrar, tosse e pigarreio frequente, vocalizações tensas ou em situações debilitantes para a laringe, presença significativa de refluxo faringo-esofágico e de alterações hormonais. A qualidade vocal também pode ser influenciada por fatores psicossociais, tais como ter emoções fortes (alegria, ansiedade, raiva…). A presença de uma disfonia é indicativo de alterações de estrutura ou do movimento das cordas vocais, cuja origem poderá ser orgânica e/ou funcional, sendo necessário uma avaliação feita pelo médico otorrinolaringologista. Após diagnóstico médico, poderá haver necessidade da intervenção do Terapeuta da Fala. O terapeuta da fala é o profissional de saúde responsável pela prevenção, avaliação, diagnóstico, tratamento e estudo científico da comunicação humana e perturbações relacionadas ao nível da fala e da linguagem bem como alterações relacionadas com as funções auditiva, visual, cognitiva (incluindo a aprendizagem), oro-muscular, respiração, deglutição e voz. Deste modo, e no caso específico da intervenção ao nível da voz, compete ao terapeuta da fala atuar na prevenção da sintomatologia, na cessação do mau uso e abuso vocal e na prática de saúde vocal. Como forma de prevenção, reforça-se a ideia de que devemos estar conscientes do que temos de evitar, de forma a alterar os comportamentos nocivos à nossa saúde vocal. Ao longo do processo de intervenção terapêutica, o terapeuta da fala irá ajudar a tomar medidas preventivas para uma boa qualidade vocal que passa pela ingestão diária de água natural, não gritar ou falar muito em ambientes ruidosos, não sussurrar, falar devagar com diversas pausas inspiratórias e com uma articulação correta das palavras, manter uma alimentação equilibrada, reduzir a ingestão de café, bebidas gaseificadas e alcoólicas, não fumar e evitar ambientes com fumo e a prática de exercício físico regular. Em casos de disfonia acentuada, a conjugação dos cuidados apresentados anteriormente com o relaxamento, uma respiração mais calma e correta e uma postura corporal adequada irá conduzir a uma voz saudável. Em caso de dúvida, aconselhe-se com um médico otorrinolaringologista ou com um terapeuta da fala.
Autor: Mónica Valinho
DM

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12 abril 2019