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Tempo de “arranjos”

Batem leve, levemente, como quem chama por mim: será Costa? Será Rio? Costa não é certamente e o Rio não bate assim. Fui ver, é o Covid”. Esta introdução, em jeito de Balada da Neve, tem a ver com a batida oral leve, ou forte, ocorrida nos debates entre os candidatos dos partidos políticos às próximas eleições legislativas. Os quais deixaram os portugueses, sobretudo aqueles que não têm fidelidade partidária, confusos e indecisos. E porquê? Porque há toda uma campanha a denegrir a direita em favor da esquerda. Basta vermos e ouvirmos a forma como alguns dos avençados dos canais televisivos e dos Jornais se inclinam, nas suas apreciações, mais para a esquerda. Ora, se o povo português quisesse um Parlamento com partidos políticos de uma só cor, não teria aderido ao ‘25 de novembro de 75’. Ou seja, permitiria que as forças comunistas do ‘PREC’ tivessem arredado com os partidos avessos ao marxismo. Tal, como quiseram fazer ao CDS tido, na altura, como partido fascista. Porém, dado que assim não foi, há que acolher os partidos recém-chegados, sejam eles de direita, ou de esquerda. Só é lamentável vermos, hoje, essa mesma direita a digladiar-se entre si, mais preocupada com a hipotética ascensão eleitoral do Chega do que focada num compromisso que derrube a esquerda do poder. Uma vez que desunida – em tempo de ‘arranjos’ – dificilmente conseguirá ascender à governança do país. Isto, no seguimento do que fazem os partidos à sua esquerda: sempre dispostos a entenderem-se com o Partido Socialista (PS). É que se a direita concentrasse energias nas críticas aos 6 anos do Governo socialista, outro galo cantaria. Assim não sendo, duvido que, sem a tolerância devida, entre uns e outros, o país vire a página do socialismo. Sobretudo, quando se assiste a um debate esquizofrénico, como foi o de Chicão e Ventura, que em nada os abonou enquanto políticos e católicos. Com efeito, o que esta nossa democracia precisa é de uma visão mais liberal e de uma figura política destemida que dê o abanão de que ela carece e lute, duramente, contra os rapaces corruptos que prejudicam o país. E que – uma vez instalado em S. Bento – não se aproveite da Justiça a favor dos seus, nem chancele os denunciantes como ‘populistas’ e ‘intrusos’. Enquanto tal não sucede, é neste cenário – em que o católico sem crença, Rui Rio, do PSD, descaído para o centro-esquerda (deixando a direita ao CDS/PP, Chega e IL; e com António Costa e o seu PS a implorarem 50%+1 votos (embora tivesse dito, em 2019, o quão negativas foram as maiorias absolutas passadas) – que em 30 de janeiro vamos a votos. O que os debates deixaram claro é que a direita, assim, às turras, vai-se ver às aranhas para ‘desalapar’ os socialistas da governação. E porquê? Por teimar em ignorar aquilo de que os ‘piões de brega’, da extrema-esquerda, PCP/PEV E BE, sem pingo de vergonha – por terem facilitado o chumbo do Orçamento/2022 e a queda do Governo do PS – são capazes. De andarem, como “lapas”, agarrados a Costa, cientes de que sem ele jamais conseguirão outra maioria Parlamentar. Pelo que já lhe imploram, caso ele vença as eleições, uma “ecogeringonça”, desta feita, alargada ao PAN e ao LIVRE. É, pois, neste desencanto de podermos ver a governar o país quem não ganhe as eleições, mas quem urda um posterior ‘arranjinho’, que a abstenção continuará elevada. Já que não se vislumbra, no espetro político-partidário, partido algum que mereça a maioria reforçada. Nem se enxerga um líder que, com sentido de estado, assertivo, determinado e mobilizador, se comprometa – dentro desta Península Ibérica ‘achinesada’ – a retificar o que está errado. Alguém que, nesta mitigada democracia, nos dê garantias de que para além de um sério combate à pandemia, dará um rumo mais próspero a Portugal. E se comprometa a não usar – como seus mandarins – a Comunicação Social, comentadores e humoristas, como manipuladores ideológicos da sociedade lusitana.
Autor: Narciso Mendes
DM

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24 janeiro 2022