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Tempo de Advento: não ao adormecimento dos cristãos

Jesus anuncia acontecimentos desoladores e tribulações na sua vinda no final dos tempos. Mas não é para que tenhamos medo. Também não nos garante que correrá tudo bem. Incentiva-nos, sim, a erguer a cabeça e levantar-nos, porque a nossa salvação está próxima: foi a sua entrega na cruz e a sua vitória, ressuscitando. Nos momentos em que tudo parece acabado, o Senhor vem salvar-nos. Por isso devemos esperá-lo com alegria, mesmo no meio das tribulações, nas crises da vida e nos dramas da história. Mas como se pode ter esta atitude de firme e gozosa esperança no meio das dificuldades, dos sofrimentos e até nas derrotas? Jesus indica-nos o caminho com um chamamento muito forte: «Estai atentos a vós mesmos, que os vossos corações não se tornem pesados… Vigiai em todo o momento» (Lc 21, 34. 36) A vigilância está ligada à atenção: estai atentos, vigiai, não vos distraiais; permanecei despertos. Disse o Papa Francisco no ‘Angelus’ de 28 Novembro: «Vigiar significa isto: não permitir que o coração fique preguiçoso e que a vida espiritual enferme na mediocridade. Devemos estar atentos, porque há tantos cristãos adormecidos, anestesiados pelas mundanidades espirituais – cristãos sem arrebatamento espiritual, sem ardor na oração – rezam como papagaios – sem entusiasmo pela missão, sem paixão pelo Evangelho. Cristãos que olham sempre para dentro, incapazes de olhar para o horizonte. E isto leva a ‘dormitar’: fazer as coisas por inércia, cair na apatia, indiferentes a tudo, a não ser àquilo que se torna cómodo. E esta é uma vida triste. Andar assim pela vida… não gera felicidade. Temos necessidade de vigiar «para não passarmos os dias na habituação, para não nos tornarmos pesados perante as preocupações da vida». E Francisco continua :« aí temos uma boa ocasião para nos interrogarmos: - que é que torna pesado o meu coração? Que coisas tornam pesado o meu espírito? Que é que me faz sentar na poltrona da preguiça? É triste ver os cristãos na poltrona. Quais são as mediocridades que me paralisam, os vícios que me prostram por terra e me impedem de levantar a cabeça? E qual é a minha atitude face aos pesos que recaem sobre os ombros dos irmãos: estou atento ou indiferente? Estas perguntas fazem-nos bem, porque ajudam a guardar o coração para não cair na acédia, que é um grande inimigo da vida espiritual e também da vida cristã. A acédia é aquela preguiça que nos faz precipitar, escorregar na tristeza, que apaga o gosto de viver e a vontade de fazer. É um espírito negativo, um espírito mau que fecha a alma no torpor, roubando-lhe a alegria. Começa-se com aquela tristeza, escorrega-se, escorrega-se, e nada de alegria. O livro dos Provérbios diz: ‘Vigia o teu coração, porque dele brota a vida’ (4,23). Vigia o teu coração: isto significa vigiar, velar! Está desperto, protege o teu coração». O ingrediente essencial para ser vigilante é a oração, como Jesus mesmo diz: «Velai em todo o momento, rezando» (Lc 21, 36). É a oração que mantém acesa a lâmpada do coração. Especialmente quando sentimos que o coração se resfria, a oração reacende-o, porque nos leva a Deus, o verdadeiro centro das coisas. A oração desperta a alma do sono e focaliza-a sobre aquilo que conta, sobre a finalidade da vida. Mesmo nos dias mais cheios, não descuremos a oração… sobretudo a oração do coração, isto é, repetir muitas vezes breves invocações. No Advento, por exemplo, dizer: ‘Vem, Senhor Jesus’. Neste tempo tão belo de preparação para o Natal, digamos de todo o coração e repitamos várias vezes: Vem, Senhor Jesus, vem! Repitamos esta oração ao longo de todo o dia e veremos como o nosso ânimo se mantém vigilante. O Papa não se cansa de insistir para que nos foquemos no essencial, no que realmente faz com que os cristãos tenham vida e a anunciem com alegria. Só assim evangelizaremos de maneira cativante e atraente. Numa palavra: apelaremos a viver Natal todos os dias.
Autor: Carlos Nuno Vaz
DM

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4 dezembro 2021