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Tempestades que não perecem

Sá Carneiro respeitava-se a si mesmo em primeiro lugar. Ao contrário de Veiga Simão, recusou ser ministro da Justiça, no Estado Novo de Caetano, sem que se caminhasse para a democracia; fundou o PSD ao lado de Pinto Balsemão e era leal aos seus pares; foi leal ao povo e, com convicção, lutou pela democracia pluralista, justiça social e era inimigo de compadrios e monopólios. Sá Carneiro conhecia o país. Logo, se, “o que fica (de bom) de quem parte, é saudade”, é sentimento que jamais (em nós) morrerá.

Este intróito para afirmar que os social-democratas portugueses do PSD, nunca os líderes que surgiram, chegaram aos tornozelos do homem acima citado. Não tem interesse, hoje, escrever sobre os ex-primeiros-ministros do PSD, do após Sá Carneiro. Mas é impossível não reflectir sobre Passos Coelho. 

Coelho, na campanha das legislativas de 2011/2012 – porque Sócrates tinha cortado 50% do subsídio de Natal em Dezembro de 2011 aos aposentados do Estado – foi-lhe perguntado se por causa da crise, cortaria também aos aposentados e respondeu: “Isso nunca faria. Pois os ordenados e as pensões dos aposentados são, no nosso país, das mais baixas pensões da Europa. Nunca, nunca faria uma coisa dessas!” De tal forma foi rapace para com os funcionários e pensionistas, que até o subsídio de férias lhes rapou. Rapanço que ainda hoje se mantém, contra muitos milhares de “pestes brancas” indefesos.

Indevidamente, Passos Coelho não é hoje o primeiro-ministro de Portugal, devido ao cerco montado por Costa, com a ajuda dos totalitários da extrema-esquerda. Mas Coelho, diga-se com verdade, não teve e não tem a estaleca de primeiro-ministro para Portugal e está longe de a ter. Coelho vive desesperado dentro do Partido e, como líder da oposição é rigorosamente banal: não tem soluções. 

Como é possível Passos Coelho, referindo-se ao muito Turismo que os portuenses têm, dizer-lhes que o Turismo é temporário e que não podem viver “à sombra da bananeira”? Será que são nabos os responsáveis ou dinamizadores do turismo?

Coelho vive desesperado. Não consegue ver as pontas do negro novelo que este Governo transporta. Este Governo aumentou as dívidas do país e não repõe o que ele (Coelho) sugou; deve este Governo mil milhões de euros a fornecedores e a serviços que lhe foram feitos; brutalizou o abandono das povoações, quanto à segurança contra os incêndios de Pedrógão Grande e, Coelho, porque pouco pode falar ou por falta de estaleca, torna-se banal e, até os seus companheiros internos já nem se querem manifestar. 

Coelho não tem soluções. Não agarra as tais pontas do negro novelo deste Governo. Ainda há dias, só porque um engraxador do Partido lhe disse, que entre os mortos de Pedrógão havia alguns que aproveitaram o fogo para se suicidarem, porque não tinham tido o apoio psicológico que lhes era devido, Passos, precipitadamente em Castanheira de Pêra denuncia a falha, que depois, pediu desculpa por ter sido notícia não fidedigna, isto é, fruta de boateiros.

Morais Sarmento, ex-ministro do PSD, há dias foi claro como água: sentindo-se na obrigação de participar para a Assembleia distrital, e perante um grande número de notáveis do PSD, afirmou: “sinto-me na obrigação de participar para ajudar a construir a nova etapa do PSD”. Como é público, Rui Rio rabeia por dentro e por fora do Partido Social Democrata. Tem milhares de solicitações para que tome conta do PSD. Não é por acaso que tem feito reuniões ao mais alto nível de dirigentes e, tudo indica que Passos Coelho é um político destinado às prateleiras.

Politicamente, parecemos embrulhados em tempestades que não perecem. Pelo que, é pena – porque advogo a social-democracia – que tais solicitações a Rui Rio e a “nova etapa do PSD”, não tenham acontecido há muito mais tempo, porque cheira que as eleições para as autarquias em certos concelhos, irão ser o falhanço de sempre, para, concretamente, Pedro Passos Coelho ingerir. Esta é a minha opinião, claro está!

(O autor não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico)


Autor: Artur Soares
DM

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30 junho 2017