Quantos atletas não foram dispensados pelos seus clubes na fase de formação e mais tarde se revelaram jogadores de grande nível? E quantos prometeram tanto futuro e desapareceram precocemente? Isto é uma realidade, poderemos tentar encontrar explicações para os diferentes casos mas uma explicação científica não encontramos.
O que se pode encontrar é a forma como esse atleta foi acompanhado como aliou o talento ao trabalho, os treinadores que encontrou, os estímulos que recebeu e a forma como a família o acompanhou. O talento só não chega e em Portugal os jovens talentosos quando descobrem o seu talento julgam que já não necessitam de trabalhar (treinar) pois, “eu já sou bom”, frases ouvidas muitas das vezes por esses atletas. A pessoa talentosa simplesmente sabe. Será que é isso que se pretende? Realmente ter talento ajuda, e muito, mas tenho observado, que esse não é o fator principal.
Quantas equipas com talentos não ganham? Quantas atletas com talento ficam pelo caminho? No entanto quantas equipas com trabalho, dedicação e disciplina ganham mais vezes? Quantas atletas com determinação, atitude e confiança se tornaram alguém?
Quantas vezes não temos as mesmas condições para treinarmos o suficiente e chegarmos ao nível dos adversários de topo?
Poder-se-á dizer que se não há pavilhão treinamos na rua, aumentamos o número de horas em equipa, em trabalho, em disciplina e em dedicação e com isso ultrapassarmos as equipas com talento. É muito bom ter talento, mas o melhor talento é capacidade de trabalho.
Existe uma lista de itens a preencher quando se procura bons atletas, mas sinceramente apesar do talento fazer parte dessa lista, não creio que esteja no topo dela.
O talento não é equivalente a horas de treino, mas as horas de treino, começam a equivaler a talento. Muito importante é encontrarmos atletas com capacidade de trabalho, com capacidade de ouvir e com capacidade de iniciativa.
Mas as equipas mais bem sucedidas, são aquelas que, mesmo nos dias em que as coisas não correm bem, em que a bola não entra, que tudo corre mal e que parece que não há talento, conseguem-se ultrapassar as dificuldades.
Gostaria por isso de realçar que mais importante que o talento são as caraterísticas de trabalho, de vontade, querer e determinação a sobrepor-se ao talento e isso poderá ser um fator decisivo nos atletas e nas equipas de hoje. Se continuarmos a optar só pelo talento, quem o tiver, achará que não precisa de trabalhar e então surgem as desilusões E quem não o tiver, achará que nem vale a pena tentar.
Mais que isso... se continuamos a valorizar talento mais do que trabalho, enganem-se porque isso não nos levará a lado nenhum!
Autor: Luís Covas