STOP para quem? Para os corruptos, vigaristas e aproveitadores de Portugal. Não, não queremos ser conotados como um dos países da Europa, onde as leis contra a corrupção não se implantaram na totalidade. Interrogamos quem falta prender. Já prendemos um primeiro-ministro, presidentes de câmara, políticos de destaque, banqueiros, médicos e enfermeiros e, ainda assim, não cumprimos as leis comunitárias contra a corrupção? Será que já não nos damos fé de quem abusa do poder, de quem faz governo em proveito próprio, quem se deixa comprar, quem usa estratagemas mais ou menos sujos para levar dinheiro à sua conta bancária? Não, não posso acreditar numa desmoralização generalizada.
Temos de encontrar e castigar exemplarmente esses corruptos, vigaristas e aproveitadores; não queremos a sua companhia. Tenho vergonha de ser português?
Começo a ter vergonha, principalmente quando no estrangeiro declaro a nacionalidade. Olham para mim e eu quase lhes leio o pensamento: cuidado que este é daquele país onde a corrupção é um lema de vida. Que saudade quando olhavam para mim e pensavam, é dum país pobre mas honesto. Antes camisa aos remendo do que camisa de seda com nódoas. Nódoas que cheiram a roubo dos pequenos depósitos bancários, a baixas fraudulentas, a receitas viciadas, a compadrios familiares no governo! Atenção comunicação social de investigação; atenção tribunais benévolos, abram a “crueldade” contra eles.
Aviso ao governo que vai sair da próxima legislatura: convido os eleitores a votarem nos partidos que tenham em seus programas, em primeira prioridade, o combate a esta praga da corrupção. A corrupção é a ferrugem que, como uma doença sem sintomas, quando se dá fé já o mal está feito. Eu quero ter orgulho outra vez em ser português, não quero ser olhado como elemento da quadrilha. Eu quero falar em voz alta dos descobrimentos e dizer que fomos mais longe que os fenícios, mais império que os romanos, mais guerreiros que os unos.
“Cesse tudo o que a musa antiga canta que outro valor mais alto se alevanta”, disse Camões. Meu querido poeta, fica a saber que agora só a tua musa antiga canta alto, porque hoje, sem honra, temos vergonha de levantar a nossa voz. A quadrilha fez-nos mudos. A quadrilha faz-nos vergonha. A quadrilha comeu-nos a alma lusa que tanto cantaste. Porque de quadrilha se trata todos aqueles que roubam; ao roubo, eufemisticamente, alguns chamam desvio?!
Qual desvio, roubo, com todas as letras. E quem rouba é ladrão, não cometem nenhum desvio, roubam. Deixemo-nos de panos quentes e de tentar enganar o Zé Povo com sofismas. Chamemos pelos nomes aos ladrões e não permitamos mais que os tribunais os tratem com benevolência. Senhores juízes, olhem que nos roubam o nome, a honra e a coragem de ser português. Haverá maior roubo do que este? Mas como recompensa aos maiores ladrões destinam-lhe s cadeias especiais!
As leis permitem esta benevolência? Pois então rasguem estas leis e façam outras. Senhores deputados, falam tanto e fazem tão pouco! Acordem para esta realidade: Portugal é um país corrupto, uma hidra de altas e muitas cabeças. Certamente já se aperceberam que a punição fácil faz a culpa fácil. Temos receio que mais logo o mal da copa arruíne a saúde da raiz. Nada mais apodrece um povo do que os discursos de virtudes, pregado por corruptos. Façam fazer STOP. Eles envergonham um povo que dum condado fizeram um país e dividiram o mundo ao meio.
Autor: Paulo Fafe