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Sobre a LIBERDADE DE EDUCAR

Há já muitos, mas mesmo muitos anos, que tenho dedicado uma particular atenção à gravíssima questão da LIBERDADE DE EDUCAR. Recordo, por exemplo, a primeira conferência que fiz sobre o tema, no Porto, em 1973, pouco tempo depois de regressar da Guiné, onde prestei o meu serviço Militar Obrigatório, como Oficial da Armada.

Não é uma questão menor de um país que se deseja livre. Pelo contrário, é uma questão “major” pois se os pais não podem nem devem desligar-se da educação da sua prole o Estado não tem o direito de usurpar essa tarefa.

Com o caso “Mesquita Guimarães” (meus queridos amigos) tenho repescado o tema não porque seu amigo desta família, mas por que este é um tema importantíssimo e apesar de a ver com caso concreto que ultrapassa de longe.

Neste curto artigo quero escrever para um grupo de portugueses em especial. Quero, desejo e devo dirigir-me aos meus irmãos da Fé, os católicos.

Que silêncio ensurdecedor paira entre nós sobre este tema! Como mostra a debilidade da Fé da maioria dos que se dizem católicos! Ser católico não é só ir à Missa ao Domingo ou a Fátima a pé. Não! É muito mais do que isso. Muito mesmo.

Onde estão as manifestações dos pais?

Onde se ouvem os gritos dos directores/proprietários das poucas escolas privadas católicas que ainda existem?

Onde estão os cartazes e as arrudas dos políticos que se dizem católicos e tentam “pescar” nesta geografia religiosa?

Onde estão os brados veementes dos muitos movimentos da pastoral da Família?

Onde se ouvem homilias dominicais (ao menos) nas milhares de Missas celebradas dominicalmente?

Onde estão os artigos de opinião de tantos articulistas que se dizem católicos (bem, dizer - se não é ser-se!) tirando algumas (honrosas excepções)?

Como a 15 de Maio pf se vão comemorar os 40 anos da vinda de S. João Paulo II, Magno, por que razão tão poucos católicos conhecem o que, numa vibrante homilia, então fez este Papa e de que transcrevo uma curta passagem:

«A Família tem o primeiro e fundamental direito a educar; mas incumbe-lhe também, o primeiro e fundamental dever da educação….» e mais adiante, nesta vibrante homilia, S. João Paulo II, Magno, dizia com aquela energia que tinha: «… E vós, queridos pais e mães, conscientes de que o vosso lar é a primeira escola de valorização humana dos filhos que Deus vos deu, estareis conscientes também, certamente, deste outro grave dever que vos incumbe: de tudo dispor ou até exigir, para que os vossos filhos possam progredir harmonicamente, na ascensão para a vida humana e cristã….» ( o sublinhado é meu).

Os pais de Portugal estão despertos e decididos a EXIGIR a LIBERDADE DE EDUCAR?

E, para terminar, volto ao Sameiro, não já em 1982, mas para 15 de Maio de 2022, tomando a liberdade de sugerir à Confraria um Congresso sobre esta fabulosa homilia que não perdeu frescor e, sobretudo, porque se mantém perfeitamente actual como um grito que deveria entrar nos ouvidos e alma dos católicos e que fosse reencaminhada para o cérebro, “obrigando” os católicos, em tempo de eleições, saberem quem respeita, promove e defende o ENSINO LIVRE. Este não é para ricos burgueses, possidónios, mas para TODOS, pobres, humildes mas conscientes e, como não poderá deixar de ser, para ricos que têm consciência do que é educar. A LIBERDADE DE EDUCAR é um DIREITO HUMANO fundamental e é para todos e de todas as arquitecturas filosóficas, religiosas ou outras.

Neste artigo, como já o disse, dirijo-me aos católicos mas não excluo ninguém: ateus, muçulmanos, hindus, budistas e outras crenças. O princípio da LIBERDADE DE ECUDAR é igual para todos.

LIBERDADE DE EDUCAR é um DIREITO de todos os PAIS. Não é um privilégio. É um DIREITO!

LIBERDADE DE EDUCAR é um DEVER a ser exercido por todos os pais.


Autor: Carlos Aguiar Gomes
DM

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26 novembro 2021