Hoje, 15 de março, assinala-se o Dia Mundial do Sono. Uma data que pretende sensibilizar a população para a importância da qualidade do sono – um dos pilares fundamentais da saúde. Dormir mal pode ser a causa de várias doenças e tem consequências na qualidade de vida da população. Neste sentido, abordamos um problema respiratório que prejudica a manutenção de um sono reparador – a Síndrome da Apneia do Sono (SAS).
A SAS é uma patologia caracterizada por uma cessação total ou parcial do fluxo respiratório durante o sono, com duração de dez ou mais segundos, pelo menos cinco vezes por hora.
Por norma esta situação é inicialmente detetada pelo parceiro, que se apercebe dos sintomas.
Este fenómeno leva à diminuição do aporte de oxigénio ao cérebro com consequente perceção de sono não restabelecedor, podendo apresentar outros sintomas como: sonolência excessiva durante o dia, roncopatia (ressonar), despertares abruptos durante a noite com sensação de falta de ar, boca seca, cefaleia (dor de cabeça) matinal, insónia, dificuldade de concentração, irritabilidade, nervosismo e esquecimento.
Várias são as causas desta doença, sendo a mais frequente o relaxamento dos músculos do pescoço, que causam o estreitamento ou colapso total da via aérea, levando à paragem respiratória. A obesidade, hipertrofia das amígdalas, perímetro do pescoço aumentado, alterações craniofaciais, insuficiência cardíaca, AVC e uso de opióides (medicação para dor e relaxantes musculares) são também fatores de risco.
As consequências da SAS são diversas, nomeadamente a hipertensão arterial descontrolada, Diabetes Mellitus tipo II, arritmias, enfarte agudo do miocárdio, AVC, diminuição da libido e até impotência sexual.
As pessoas que se identifiquem com estes sintomas devem dirigir-se ao seu médico de família, no sentido de serem encaminhados para uma consulta de Pneumologia. Nesta consulta é avaliada a probabilidade de presença de SAS através da Escala de Epworth (questionário que quantifica a probabilidade de adormecer em diversas situações ao longo do dia). Consoante o resultado, o médico determina a necessidade de realizar exames mais específicos.
O diagnóstico é feito através de um Estudo Poligráfico do Sono que consiste em dormir uma noite com um equipamento que regista os seguintes parâmetros: fluxo nasal, movimentos respiratórios, posição corporal, saturação de oxigénio no sangue, roncopatia, entre outros.
O técnico de Cardiopneumologia é o profissional de saúde responsável pela explicação, monitorização e análise do exame. O técnico superior programa o equipamento fornecendo toda a informação necessária à correta colocação e esclarece todas as dúvidas do doente.
O tratamento da Apneia do Sono varia de acordo com o tipo e gravidade. O IAH (índice de apneia/hipopneia) representa o número de vezes que o doente pára de respirar por hora e é o indicativo primordial de gravidade que pode variar entre ligeira, moderada e grave. A terapêutica pode passar simplesmente pela correção de hábitos de vida como deixar de fumar, evitar ingestão de álcool à noite e perda de peso. Nos casos mais graves o doente dorme com um equipamento conectado a uma máscara que mantém a via aérea permeável através da emissão de uma pressão de ar adaptada a cada utilizador.
Por si só, a profissão não é um fator de risco, mas pode aumentar a gravidade e consequência dos sintomas, como no caso de trabalhos monótonos ou repetitivos (relação entre motoristas e acidentes de viação).
As crianças são um grupo etário muitas vezes esquecido, porém podem sofrer de SAS principalmente por hipertrofia das amígdalas. Crianças que apresentem ressonar, pesadelos frequentes e sono fragmentado devem ser avaliadas por um profissional.
Cuide do seu sono. Sono saudável, mais qualidade de vida.
Autor: Nazaré Pereira e Rita Fontes
Síndrome da apneia do sono

DM
15 março 2019