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Será quando for

Nestes dias de verão resolvi dar um passeio na Vila de Cascais, aproveitando a companhia de um familiar que ali se deslocava para uma reunião de trabalho. Depois do almoço decidi dar uma volta, aproveitando o bom tempo que se fazia sentir. O destino levou-me à Igreja Matriz de Nossa Senhora da Assunção que foi classificada em 2017 como Monumento de Interesse Público. Quando entrei no edifício que possui uma fachada de extrema simplicidade, fiquei impressionada com a riqueza do seu interior. Sem palavras mesmo! Merece uma visita com tempo o que não era o caso. Ouso unicamente referir a capela-mor em que se destaca o magnifico retábulo em talha dourada, atribuído ao mestre entalhador João Nunes Tinoco, Preside a imagem da padroeira, Nossa Senhora da Assunção, com a coroa sustentada por dois querubins, e ladeada por anjos em oração. Encontram-se também quatro notáveis pinturas quinhentistas. Estes painéis constam de um tríptico com A Anunciação do Anjo à Virgem Maria, O Nascimento de Jesus e A Adoração dos Magos, considerado um dos mais belos conjuntos do séc. XVI. O teto da nave tem representação da Assunção de Nossa Senhora, pintura de José Malhoa, oferta da Rainha D. Amélia. Espero ter despertado a curiosidade do leitor para uma próxima visita.

Esta Igreja encontra-se situada junto à baía de Cascais, perto do Forte da Cidadela e do antigo convento de Nossa Senhora da Piedade, atualmente Centro Cultural de Cascais. O convento foi edificado por iniciativa dos Carmelitas Descalços. Quando as ordens religiosas foram extintas o convento ficou votado ao abandono e em ruínas. Passou por vários proprietários até ao ano de 1977 em que a Câmara Municipal de Cascais tomou posse por escritura de doação da Sociedade Casas da Gandarinha, SARL, com a salvaguarda da gestão da capela pela autoridade eclesiástica local. Hoje em dia possui uma gestão partilhada entre a Fundação D. Luís, responsável pela programação do centro de exposições e a Câmara Municipal de Cascais que assegura a programação do auditório. Conta ainda com um Serviço Cultural e Educativo. O Centro Cultural abriu as suas portas a 15 de maio de 2000, constituindo um espaço multidisciplinar vocacionado para as artes visuais. No auditório realizam-se conferências, seminários, pequenos concertos, entre outros. Presentemente encontra-se em exposição até 31/12/2021, um conjunto de mais de 200 obras de arte contemporânea, que constituem património da Fundação D. Luís I, produto de doação de artistas, que integra pintura, fotografia, escultura, desenho, gravura e vídeo.

Atravessava eu, de momento, um período algo conturbado face à doença de uma familiar que tinha tido um cancro, que ultrapassou de um modo exemplar, e que enfrentava agora uma recidiva. Enfim é a vida a passar com os seus bons e maus momentos. Foi operada no IPO. Consegui fazer-lhe uma visita. Fiquei deveras surpreendida com tudo o que presenciei. Os técnicos de saúde extremamente sensíveis e humanos. Abordámos todas as questões frontalmente e fui esclarecida, na medida do possível, já que dependia do modo como iria decorrer a recuperação para se perspetivar o seu futuro. Mas sobretudo, o que mais me impressionou, foi observar a força e resistência da minha familiar perante o sofrimento. Exemplar mesmo. Colocou-se nas mãos de Deus, referindo: “Eu faço a minha parte. Cumpra-se, seja feita a Sua amabilíssima e justíssima Vontade”. Deixei o IPO cheia de gratidão pelo exemplo que dava. Numa mensagem que tínhamos trocado anteriormente via Whatsapp em que lhe referia que a aguardava para um café no local de que tanto gosta, tinha-me respondido: “Demorará algum tempo até chegar esse momento”. Respondi: “Será quando for!” Fiquei a pensar que há tanto sofrimento por esse mundo fora, não só pela doença Covid-19, mas também por outras patologias, entre elas o cancro. E também há tantos exemplos positivos que nos dão ânimo para continuar a lutar em prol do bem comum! Santa Maria, Rainha da Esperança, intercedei por todos nós, em particular por todos os que sofrem alguma patologia.


Autor: Maria Helena Paes
DM

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9 setembro 2021