Se em algum momento nos sentimos importantes é porque nos elogiam, aplaudem ou pagam bem. Tudo isto são manifestações de respeito e, sobretudo, carinho. Este sentimento, o de nos sentirmos importantes, é muito gratificante, mas... Neste breve apontamento, gostaria de considerar três graus de importância.
Há pessoas que se sentem importantes graças à sua boa forma física: porque marcam muitos golos, porque são bonitas e aparecem nas revistas, etc. É esta uma importância pobre, quer por ser breve (termina com a juventude e o aparecimento das rugas), quer pelo tipo de fãs tender a ser superficial (apreciam mais o espetáculo que o valor do esforço para alcançar altos níveis de profissionalismo).
No segundo grau destacamos os investigadores, sejam eles biólogos, médicos, engenheiros, astronautas, químicos, historiadores... Numa palavra, todos aqueles que, movidos pela sua curiosidade, espírito de aventura e sentido de responsabilidade social oferecem tempo, trabalho intenso, suas economias, vigílias, etc. para oferecer algo de bom ao mundo.
Neste grau, a importância sobe. Talvez o que se descobre pareça, por vezes, uma derrota (como acontece quando um determinado reagente não correspondeu ao que dele se esperava), mas não deixa de ser uma descoberta útil. Embora tais investigadores passem quase inadvertidos nos meios de comunicação e entre a opinião geral, o seu trabalho é muito mais valioso e duradouro do que o de um desportista milionário.
Os “fãs” dos investigadores são, geralmente, colegas de profissão com os quais trocam impressões e experiências, por correio ou em congressos. Neste grau, a concorrência costuma ser menos agressiva e desumana, dando algum espaço à ajuda mútua com partilha de bibliografia, técnicas que resultaram, descobertas recentes, etc.
Assim, estes “fãs”, embora não paguem salários ou cachets (pagam, talvez, a viagem e hotel quando os convidam para dar conferências e aulas nas suas universidades), assemelham-se a colegas e até amigos capazes de partilhar cansaços, riscos e dores. São profundos na avaliação do trabalho dos outros e manifestam-lhes o seu respeito e até amizade e carinho.
Tais investigadores têm algumas vezes a sorte de serem apoiados de modo incondicional pela sua família que os incentiva e vela pelo seu bem estar, factor que pode contribuir para essa reconfortante sensação de ser admirado, acarinhado..., importante.
Por fim, chegamos ao terceiro grau, o grau em que a sensação de importância é real, plena e, pasme-se, universal, transcendente. Bom, embora a importância de cada pessoa seja autêntica, nem todos têm a capacidade de a valorizar e agradecer.
Pense-se, por exemplo, na Madre Teresa de Calcutá. Esta mulher simples que renunciou ao casamento, por amor a Deus e assim poder servir os outros com maior disponibilidade, acabou por ser a “mãe” de muitas crianças que salvou de serem abortadas, ou da fome, ou da doença, ou da ignorância.
Ela que escolheu viver na pobreza deu de comer aos párias, construiu lares para os sem abrigo, edificou hospitais para os doentes, deu esperança aos aflitos, proporcionou trabalho aos indigentes... O seu trabalho nada tinha de relevante aos olhos do mundo, mas ultrapassou as fronteiras das suas amizades às quais pedia ajuda e, sobretudo, abriu horizontes de santidade a várias jovens que, sem chamar a atenção sobre si, seguiram a sua espiritualidade em todo o mundo.
Somos todos, mulheres e homens, realmente importantes, nascidos com uma vocação única para ser santos quaisquer que sejam as circunstâncias da nossa vida.
Esquecemos a nossa santidade sempre que agimos levianamente contra a vida (aborto, eutanásia, divórcio...) ou o bem estar dos outros (injustiças, corrupção, ganância...). Lembramo-nos dela quando nos tornamos “fãs” de Deus, e o seguimos, e fazemos a sua vontade, e a ensinamos aos nossos filhos.
Autor: Isabel Vasco Costa