Costumamos dizer que: “enquanto há dinheiro, há amigos” ou "com dinheiro, língua e latim, vai-se do Mundo até ao fim"…
Tudo a propósito do valor pecuniário que comanda a nossa vida e uma das principais fontes de felicidade, discórdia, objecto de desavenças e rupturas sociais, familiares, etc.
Para evitarmos conflitos de vária ordem, devíamos aprender a contextualizar melhor a definição sobre o dinheiro como um mecanismo natural das nossas finanças em boa forma de saúde e conquistar o seu equilíbrio e a comunhão ao longo do tempo de acordo a gestão das nossas capacidades de sustentabilidade.
Os “gurus” do marketing e da publicidade conhecem bem as fraquezas dos consumidores, usando todos os estratagemas de sedução aos estímulos da despesa, essencialmente num estado de fragilidade hierarquizado pela obsessão da aparência e o prazer que é tão fugidio quanto o desejo original de gastar como um ciclo vicioso e demasiado oneroso.
Gustave Flaubert, o célebre escritor francês do século XIX, expressou deste modo: “O que o dinheiro faz por nós não compensa o que fazemos por ele”. De facto, se o nosso património económico for usado por atitudes reprimíveis de má gestão, a consequência pode ser propensa a fonte de desentendimentos, angústias como um “bicho-de-sete-cabeças” ou impulsos negativos passíveis de extrema gravidade na conduta de cada um de nós.
Mas o dinheiro, sobretudo no contexto da maturidade profiláctica, pode conquistar a realização de projectos de sonhos imprevisíveis, estabelecer uma relação profunda de convivência de urbanidade, afabilidade com a família, com os amigos ou colegas de trabalho e regalar-se no bem-estar psicossocial.
A nossa relação com “vil” metal pode incutir o melhor e o pior de nós mesmos se não soubermos ultrapassar muitos desacertos interiorizados e que condicionam decisivamente os laços afectivos que estabelecemos com os mais próximos.
Recordo-me da lição sobejamente conhecida sobre a fábula de La Fontaine da cigarra e da formiga, encenando a ideia de que o trabalho é compensado e a leviandade castigada, como um eco profundamente enraizado nos nossos dias, como um dilema usufruído à máxima escala da rudeza da postura de um “mãos largas” que só pensa no vincar o espelho da vaidade ou das grandezas, sem por vezes medir as consequências irracionais da noção pecuniária num despesismo desenfreado e irresponsável.
É inegável a necessidade do dinheiro, pois não se conseguiria sobreviver sem a mínima cota de rendimentos monetários para usufruirmos de um conjunto de actos inadiáveis ao bem-estar físico, psicológico, sociologicamente motivacional associado à auto-estima e harmonia, formas inumeráveis e elementares de saber e estar na vida em partilha comum o colectivamente.
No entanto, enveredar nas fileiras de “soldados da doença do dinheiro” é um mau presságio, aloca-nos à previsibilidade estrutural do desajuste ofensivo a uma paz mental consolidada à felicidade pessoal, duradoura, sem perturbar a legitimidade encantadora dos sonhos e das ambições.
Parafraseando a sabedoria popular: “dinheiro é o nervo da guerra”.
Autor: Albino Gonçalves