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Ser catequista

1. O Papa Francisco instituiu em 10 deste mês de maio o ministério laical de catequista. É uma forma de valorizar o trabalho de tantas pessoas que se dedicam à difusão da mensagem cristã. Convite a que tenhamos cada vez mais leigos conscientes do dever de participarem na vocação missionária da Igreja. Um ministério, na Igreja, é um serviço que se exerce em benefício da comunidade. Não é nada que leve a pessoa a envaidecer-se ou a julgar-se superior aos outros mas a tomar consciência da sua condição de instrumento, que o deve ser cada vez melhor. Lembra o dever de servir, cada vez com maior perfeição. Há ministérios clericais (exercidos exclusivamente pelos clérigos) e ministérios laicais. 2. É verdade que todos os cristãos devem ser catequistas, na medida em que, pelo testemunho de vida e pela palavra, sem arrogância mas também sem cobardia, são chamados a dar a conhecer a Boa Nova de Jesus. Propondo-a mas não a impondo. Respeitando a liberdade dos outros mas sem se encolherem. Grande catequista, na diocese, é o bispo; na paróquia, o pároco. Voltou a falar-se muito da igreja doméstica, lembrando serem os pais os primeiros e principais catequistas dos filhos. Mas há pessoas que, de modo especial, dedicam parte do seu tempo ao ensino da mensagem cristã. Colaborando com a família ou até preenchendo lacunas. Sempre em comunhão com o pároco. 3. Se, como disse, é verdade que todo o cristão deve ser catequista, também é verdade que quem se dedica ao ensino da catequese deve ter uma preparação adequada, a nível doutrinal e pedagógico. Ensina-se com a vida, pelo que quem exerce este ministério deve ter uma conduta exemplar. Mas também carece da devida formação. A boa vontade, só, não chega. É preciso saber o que se ensina e como se ensina. Com recurso aos métodos atuais. Escreveu o Papa Francisco no passado dia 10: «Convém que, ao ministério instituído de Catequista, sejam chamados homens e mulheres de fé profunda e maturidade humana, que tenham uma participação ativa na vida da comunidade cristã, sejam capazes de acolhimento, generosidade e vida de comunhão fraterna, recebam a devida formação bíblica, teológica, pastoral e pedagógica, para ser solícitos comunicadores da verdade da fé, e tenham já maturado uma prévia experiência de catequese. Requer-se que sejam colaboradores fiéis dos presbíteros e diáconos, disponíveis para exercer o ministério onde for necessário e animados por verdadeiro entusiasmo apostólico». 4. Aprendi pelo catecismo de S. Pio X. Com recurso a fórmulas que memorizei, algumas das quais não entendia. Nem sempre sabendo, por exemplo, o que significava cobiçar as coisas alheias. Mas memorizei. Ao ler a narrativa evangélica das aparições de Jesus ressuscitado lembro quatro «palavrões» que me ensinaram serem os dotes do corpo glorioso: impassibilidade, claridade, agilidade, subtilidade. Mas ficaram-me na memória e hoje vou entendendo alguma coisa. Agora, felizmente, os métodos são outros embora a mensagem seja a mesma. E é necessário que seja. 5. Termino prestando homenagem a quantos, nas diversas comunidades, se dedicam ao ministério da catequese. Que o prestigiem procurando exercê-lo cada vez melhor. Que vejam devidamente reconhecido e estimulado o trabalho que, com a melhor das boas vontades, continuam a exercer gratuitamente. Só por amor a Deus e ao próximo. O meu apelo a que outros lhes sigam o exemplo. Precisamos de mais e cada vez melhores catequistas. E permitam que lembre a minha Mãe, a minha Santa Mãe, que dedicou parte do seu tempo ao ensino da catequese. Vivendo e transmitindo, como podia e sabia, o que outros lhe tinham ensinado. Ainda hoje gosto muito de ouvir pessoas dizerem-me terem aprendido a doutrina com a Zefinha.
Autor: Silva Araújo
DM

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20 maio 2021