1. A missão – como a natureza – tem horror ao vazio. Ela quer chegar a todos os lugares e estender-se a todos os momentos.Na missão não há intervalos nem exclusões. Ela é para sempre e para todos.
2. Estamos na altura do recomeço – mas não do começo – da actividade pastoral.É que a Pastoral nunca está suspensa. A toda a hora, ela tem de marcar presença.A Pastoral começa com o Pastor que «trabalha continuamente» (Jo 5, 17).Assim sendo, nunca deixa de haver missão, pois o Pastor está sempre em acção.
4. É claro que os pastores têm de descansar. O próprio Jesus ordena que eles repousem (cf. Mc 6, 31).Acontece que, para a Pastoral, nem o descanso é suspensivo. Na Pastoral, até o descanso constitui um precioso activo.
5. O descanso dos pastores permite-lhes intensificar a proximidade com o Pastor, escutando-O mais atentamente (cf. Mc 6, 34).Mas mesmo quando os pastores descansam, há sempre pastores disponíveis e muitos outros agentes preparados.
6. A Pastoral tem um impacto agregador, pelo que nunca é um exclusivo do pastor. A missão há-de ser um imperativo para todo o cristão.Numa Igreja inteiramente serviçal, o envolvimento de todos é vital. É deste modo que, na nossa vida, a Pastoral nunca será interrompida.
7. Na sua multímoda expressão, a Pastoral realiza visceralmente a identidade da Igreja: Corpo de Cristo em comunhão, Povo de Deus em estado de missão.Há, desde logo, que combater a tentação do desperdício. Não podemos desperdiçar nenhuma sugestão, nenhum contributo, nenhuma oportunidade nem tão-pouco nenhuma adversidade. Como bem percebeu Eberhard Jüngel, até «as adversidades estão cheias de possibilidades».
8. A primeira de todas as acções pastorais há-de ser o investimento nas relações pastorais. Se entre todos não houver harmonia, a nossa proposta ficará vazia.Daí que Santo Inácio de Antioquia tenha comparado a Igreja a um «coro», em que «o Bispo preside aos “concertos”, que não cessam de dia nem de noite».
9. Neste belo – e interminável – «concerto» da missão, a prioridade tem de ser mais «gerar» do que «gerir».Antes de «gerir» recursos e sensibilidades, o fundamental é «gerar» o Evangelho na vida das pessoas.
10. Esta «pastoral da gestação» tem um (duplo) «campo» privilegiado de intervenção: a pessoa e o momento.Cada momento de cada pessoa tem de ser «invadido» pelo Evangelho. Sem parança e sem tardança!
Autor: Pe. João António Pinheiro Teixeira