O SC Braga venceu há uma semana, para a Liga Europa, os búlgaros do Ludogorets e assumiu a liderança do seu grupo, beneficiando da derrota caseira dos sérvios do Estrela Vermelha ante os dinamarqueses do Midtjylland.
Esta conjugação de resultados inviabilizou o apuramento imediato para a fase seguinte, mas aumentou a probabilidade de terminar esta fase de grupos no topo classificativo. Ora, terminar no lugar cimeiro vale o apuramento direto para os oitavos de final e evita dois jogos desgastantes com uma equipa proveniente da Liga dos Campeões. O que está garantida é a manutenção nas competições europeias, no cenário mais negro, de duas derrotas nos restantes jogos, na Conference League.
Vindo de uma grande noite europeia, com um resultado e uma vitória convincentes, o SC Braga deslocou-se à Luz, para defrontar um Benfica na pior fase da época. Teoricamente seria um contexto favorável para essa deslocação, mas a prática encarregou-se de contrariar a teoria. Porém havia um detalhe que se tornou importante na preparação e abordagem ao jogo, que consistia no facto de o Benfica ter tido mais dois dias de descanso entre o confronto europeu e este jogo da liga.
O guião do jogo teve duas histórias distintas, que coincidiram com os primeiros trinta e sete minutos e os restantes cinquenta e três, mas cujo desfecho final fez soar os alarmes em Braga.
O primeiro dos períodos referidos foi equilibrado e até podia ter terminado com a vantagem bracarense, o que não sucedeu e se revelou fatal, pois começou aí o colapso coletivo da equipa. Não se pode esquecer que o golo da vantagem lisboeta começa numa falta clara sobre Al Musrati, mas quem perde por estes números não deve arranjar desculpas para o seu desempenho a roçar o miserável.
A Luz viveu um dia de festa como há muito não conhecia e para isso muito contribuiu esse conjunto de bons rapazes que parecia ter chegado da província, como antigamente, e se assustou perante o cenário encontrado. O SC Braga viu-se sem luz no túnel, na segunda e decisiva parte do filme do jogo.
Aconteceu futebol e que isso represente uma aprendizagem para todos. A noite péssima que aconteceu não pode, nem deve, colocar em causa o processo, nem o trabalho de nenhum elemento do grupo, pois isso seria muito mau e inaceitável.
Na presente temporada os três autoproclamados grandes já foram vergados a goleadas gordas, com o Benfica a ver esse “feito” a dobrar, ao passo que este foi o desaire guerreiro que ainda não tinha acontecido e ninguém queria que acontecesse.
O que eu quero ver em Braga é a equipa voltar ao seu registo normal e expectável, como tem feito na Liga Europa, superando este grave incidente de percurso, mas que não passou de um resultado de futebol. Quem viu nisto um problema sério deve considerar-se feliz, pois certamente não tem problemas sérios na vida.
A paragem da competição que está em marcha acaba por ser boa para o grupo, pois acredito que permita sarar as feridas abertas com tamanha goleada na capital e proporcionar um regresso positivo às competições, uma vez que o jogo que se segue é a continuidade da defesa do título da Taça de Portugal, ante o Santa Clara, e exigirá, por certo, uma equipa curada e revigorada no seu ânimo.
Autor: António Costa
Sem luz no túnel

DM
11 novembro 2021