1. Aproxima-se a Semana Santa, durante a qual recordamos a paixão de Jesus. A começar pela condenação à morte, solicitada por uma população manipulada que, entre Jesus e Barrabás, tomou o partido de Barrabás (Mateus 27, 15-23).
Escolheu mal, diremos. Mas a verdade é que escolheu e, em consequência, o bem foi punido e o mal premiado.
E eu, nas constantes escolhas que faço, escolho bem ou escolho mal?
Esta é uma das perguntas que com frequência me coloco.
2. Consciente ou inconscientemente, a vida de cada um de nós é feita de escolhas, desde a hora a que nos levantamos até à hora a que nos deitamos.
Há escolhas que têm grande importância na vida de cada um, pelo que devem ser feitas com muito critério, com muita ponderação e com muito conhecimento do que a escolha representa. Porque toda a escolha tem consequências.
Escolher é, implicitamente, renunciar. Não posso querer ter um objeto e ao mesmo tempo ficar com o dinheiro que devo entregar por ele. Ou uma coisa ou outra.
3. O bom senso recomenda que saibamos escolher o que realmente é o melhor para cada um de nós, e isto pode não ser o que mais nos convém ou o que mais nos agrada. A um jovenzinho talvez agrade mais ficar em casa a ver televisão ou a fazer joguinhos, mas se preferir o que realmente é melhor optará por ir, alegremente, para a escola.
Frequentemente testemunhamos o resultado de más escolhas. A violência doméstica é um exemplo: a pessoa escolheu quem hoje a maltrata.
4. Para não escolher às cegas a pessoa deve procurar informar-se. Deve saber consultar quem deve ser consultado.
Se é verdade que a decisão é da responsabilidade de cada um e que cada um deve orientar-se pela sua cabeça, também é verdade que, antes de tomar uma decisão, não deixa de ser assisado ouvir a opinião de quem, com independência e com lucidez, poderá aconselhar e ajudar a decidir bem.
5. O ideal seria que cada um pudesse, efetivamente, escolher o que de verdade é o melhor para si. Infelizmente, isso nem sempre acontece. Estou a pensar na situação em que se encontram alguns estudantes relativamente ao curso a seguir e na situação de um desempregado face a uma oportunidade de emprego que lhe surge. À falta de melhor…
Na vida política, por exemplo, perante as listas que se apresentam a sufrágio pode haver situações em que o cidadão exclama: venha o diabo e escolha! E opta-se pelo que parece ser menos mau.
Mas exercer o direito/dever de cidadania também consiste em andar atento à forma como o poder é exercido. Também consiste em saber denunciar, alertar, apontar erros, sugerir soluções alternativas. Acontece de se votar vencido mas não convencido.
Depois, há a possibilidade de fazer uma declaração de voto, em que o indivíduo explica porque votou naquele sentido e como gostaria de ter a possibilidade de fazer uma outra opção.
6. Falei em escolhas erradas. São um facto. A nível individual e coletivo.A história fala de ditadores eleitos democraticamente.Quem está dependente do voto dos outros faz tudo o que está ao seu alcance para os influenciar, para condicionar a escolha, pelo que é necessário agir com prudência e sensatez. É necessário saber ver o lobo que se esconde debaixo da capa de cordeiro.
As chamadas campanhas eleitorais visam mais persuadir o eleitor a votar em determinado sentido do que esclarecê-lo devidamente. Neste caso é muito importante a ação dos Meios de Comunicação Social. Mas para que estes esclareçam devidamente as pessoas devem agir com isenção e independência, o que nem sempre acontece.
A Comunicação Social deve estar ao serviço dos cidadãos, contribuindo para que decidam com perfeito conhecimento. Mas se a referida Comunicação, em vez de servir os cidadãos, procura servir os interesses de quem a controla…
Autor: Silva Araújo
Saber escolher

DM
22 março 2018