twitter

S. Geraldo nos ajude na paciência…

Ao esmiuçar todo o cenário envolto na polémica levantada pelas vozes da oposição, em modo quarentena, e grupos de cidadãos intitulados defensores cívicos, em defesa da conservação do património da cidade de Braga, está finalmente deslindado o destino do edifício da ex-sala de cinema S. Geraldo, prevendo-se a instalação neste espaço do “Media Arts Center”, um investimento financeiro no valor de 4,5 milhões de euros. Mas a grandeza da cultura na “cidade dos Arcebispos” não se limita ao imóvel supra referido. A autarquia bracarense vai mais além, com um projecto arrojado e dimensionado na requalificação de outros dois edifícios onde funcionam o Museu de Imagem e a Casa dos Crivos, com um custo total próximo dos 9 milhões de euros. O capital oriundo de um empréstimo de 8,5 milhões de euros, a maior parcela 4,5 milhões de euros para o antigo cineteatro S. Geraldo, distribui-se por 2,4 milhões provindos de fundos próprios e os restantes 2,1 milhões enquadrados no citado empréstimo, que será liquidado num prazo de 16 anos através de prestações vencidas trimestralmente. Como o “segredo é a alma do negócio” – há um plano de início de obras já em 2019 –, a cidade vai contar com mais um auditório dotado de 400 lugares sentados e 900 em pé, alocado essencialmente às artes multimédia e aberto ao público em geral. O “Salão Recreativo Bracarense/S. Geraldo”, construído em 1916, resultante da demolição do Convento dos Remédios, teve um significativo relevo na vida social de Braga, proporcionando um vasto leque de eventos de natureza cultural, relevando naquele espaço o cinema, teatro, conferências, exposições, circo, congressos e, no seu exterior, sob vigilância policial e do regime salazarista camuflado da PIDE, tertúlias políticas disfarçadas nas entrelinhas da imaginação e da perícia intelectual dos participantes da oposição fascista. Em 2015, ao invés do seu antecessor, o município de Braga lançou um “Concurso de Ideias” para a “Reconversão do S. Geraldo” garantindo o pleno respeito pela sua história e memória, até porque a última palavra seria sempre da responsabilidade do proprietário do imóvel do S. Geraldo (Arquidiocese de Braga), na aprovação e consentimento estratégico sobre as infra-estruturas arqueológicas, arquitectónicas e dos equipamentos adequados durante o percurso da requalificação do edifício. A boa nova chegou como um presente natalício: a criação do “Media Arts Center” inserido no espaço do S. Geraldo, uma mais-valia para a candidatura da cidade a Capital Europeia da Cultura, em contracena com o silêncio formatado dos “comendadores barulhentos e das desgraças sísmicas”, relembrando o passado bem recente na mobilidade de massas em tom de discurso incendiário de contra-informação precipitada, infundada e destrutiva à Câmara Municipal de Braga sobre as intenções que se avizinhavam para este edifício. Saber esperar é uma virtude em extinção, perdemos o nexo da gestão do tempo, o bom senso de confiar e acreditar que os actuais autarcas bracarenses querem singrar e dar o melhor para a sua cidade. Agora, sendo público o futuro do edifício do S. Geraldo, haja paz, tranquilidade, sem perturbações teatralizadas e engrenadas pela oposição da “casa” e, porque não, todos juntos por uma Braga culturalmente mais rica, autêntica na labuta vital das artes e na dinâmica dos valores intelectuais dos bracarenses na vanguarda do desenvolvimento das emoções e das ideias dos hábitos, tradições e costumes. Ora, é aqui a verdadeira morada de desempenho do S. Geraldo como um projecto abraçado ao futuro desempenho social desta gente maravilhosa da capital do Minho de portas abertas aos seus convidados.
Autor: Albino Gonçalves
DM

DM

3 dezembro 2018