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Ronaldo, Capital Europeia da Cultura, portuguesinhos e bracarensezinhos

O que aconteceu com algumas franjas de portugueses – espero que diminutas! – em relação a Cristiano Ronaldo é algo de inacreditável.

Num ápice, perante uma altura de vida do nosso campeão, diferente daquela que estamos habituados a ver, passaram a criticá-lo, a emitirem opinião negativa sobre a sua vida, sobre as suas atitudes, sobre o que fazia, deixava de fazer, dizia ou deixava de dizer, como se não fosse um homem normal com os seus defeitos e virtudes como cada um de nós. Não viria mal ao mundo em terem-no feito em qualquer ocasião, já que ser figura pública tem também esta consequência, mas fazerem-no em pleno campeonato do mundo? Numa altura de concentração máxima em que é necessário dar tudo por tudo ?

Como é que é possível que, em plena disputa futebolística mundial, certo tipo de portuguesinhos perderem tempo em discutir o que nada interessava para o bom desempenho de Portugal, ao invés de se unirem em torno da equipa, apoiarem-na, torná-la maior e diminuírem os seus defeitos, acrescentando ânimo, apoio e paixão ?

Esqueceram num instante os feitos do grande campeão que guindou a equipa portuguesa a grandes posições inexistentes no passado, com muito mérito seu e fazendo-o assistir a isto tudo, num silêncio pesado, triste negro ?

Durante toda a sua carreira no futebol, Cristiano Ronaldo foi sempre muito superior à sua equipa, de tal maneira que em várias competições europeias e mundiais parecia que jogava sozinha perante um adversário com onze jogadores.

Estivesse ele noutra equipa de outra nação europeia ou sul-americana e tinha sido campeão mundial várias vezes. Apesar disso, nunca se ouviu um queixume durante todos os anos, uma crítica, uma atitude menos positiva à equipa portuguesa mas sim muito orgulho em ser português, muito ânimo, incentivo, capacidade de luta, determinação transmitida a muitos dos seus companheiros quando em pleno campo precisavam disso como pão para a boca, dado as dificuldade emocionais e mesmo técnicas que tinham.

Se este tipo de mentalidade comezinha, medíocre, rasteira existir em grande número, sendo ou não maioritária, nunca Portugal será um país vencedor na cena internacional porque, como já dizia o romano, nem nos governamos, nem nos deixamos governar.

Sobre Cristiano contaram-me uma história, de uma pessoa credível que não resisto a contar aqui: estava ele na sua casa no Gerês, quando ainda a tinha, e uma criança, filho de uma vizinha, manifestou um desejo muito grande de ter uma camisola autografada do Cristiano para levar à escola e mostrar para os amigos que morava perto do grande craque.

Alguém da casa de Cristiano garantiu à criança que teria a camisola autografada.

Entretanto, os dias passavam e a criança começou a pensar que nunca teria camisola nenhuma. Até que uma manhã, pouco depois da hora em que se toma o pequeno almoço, alguém toca à porta e ouve-se uma voz a perguntar, com toda a simplicidade do mundo: “então alguém me poder servir um cafezinho antes de eu apanhar o avião para Madrid?”.

E heis que aparece o Cristiano Ronaldo não com uma camisola, mas com várias que oferece à criança, rejubilante de alegria, tendo ela ficado com uma e tendo Cristiano colocado, também nas outras camisolas, além do seu autógrafo, o nome dos amigos da criança para ele próprio as oferecer aos seus amiguinhos da escola!

A seguir, depois de conviver com a simples família, meteu-se no carro e foi de carro para o aeroporto com o intuito de apanhar o avião para Madrid.

Em Braga, também temos uns bracarensezinhos, de alma muito pequena, que estiveram muito caladinhos o tempo todo, ou a fingir, hipocraticamente, que apoiavam a candidatura de Braga a Capital Europeia da Cultura, mas que rejubilaram com a escolha de Évora para poderem manifestar cá para fora todas as suas frustrações patológicas que tiveram de reprimir todo este tempo da candidatura e desataram a falar ridiculamente a respeito da Confiança, ou da programação cultural, ou de outra coisa qualquer, passando por cima de todo um trabalho enorme que foi feito na cidade com envolvimento de toda a sociedade económica, artística, cultural, de ensino, empresarial, histórica que já começou a dar os seus frutos e que ficará, ressalvando as diferenças, incrustado na cidade no futuro da mesma maneira que Cristiano Ronaldo guinda o nome de Portugal pelos cantos do mundo como mais ninguém o consegue fazer.

Esses portuguesinhos e bracarensinhos, da mesma cepa, nunca chegarão a lado nenhum.


Autor: Joaquim Barbosa
DM

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28 dezembro 2022