Porque, é que, Portugal não cresce e a estagnação ser a nota dominante da economia nacional? Porque, é que, a pobreza atinge números vergonhosos? Porque, é que, a dívida total (765,6 mil milhões de euros) - pública, das empresas e das pessoas - está em patamares inacreditáveis?
Estas e outras questões deveriam fazer corar de vergonha os nossos políticos. Fazê-los reflectir profundamente. Fazê-los acordar para a realidade e abrir-lhes a consciência que a direcção tomada está claramente errada e em rota de colisão com mais uma bancarrota. Esta só não aconteceu ainda, porque a UE tem despejado dinheiro a rodos nos cofres depenados do Estado e o BCE tem controlado asperamente a subida dos juros. Mesmo assim, há dificuldades nos mais variados sectores sociais e estas agravar-se-ão a curto-médio prazo, por causa da subida da inflação, da pressão sobre os juros baixos e no acesso ao financiamento, fundamental para a sobrevivência do país. Rio terá mesmo arcaboiço para desviar o país da rota de colisão?
Ponto um - Convém não esquecer e para memória futura que o país já conheceu a situação de ruptura económica-financeira por três vezes e em democracia, realidade que se traduziu directamente em mais atrasos sociais e facadas severas no desenvolvimento. Não se poderá repetir estes ciclos de avanços ténues e de recuos profundos. Há que assumir, por inteiro, as devidas responsabilidades de se estar à frente dos destinos do país. Neste enfoque, não haverá hipóteses de se construir uma sociedade mais justa e mais próspera, pois há quem se contente e lute ideologicamente pela política do “poucochinho” e da distribuição sem ter.
Rio terá qualidades políticas para inverter os avanços ténues e os recuos profundos?
Ponto dois - Um país que não cresce economicamente, torna-se, naturalmente, um país frágil e bastante dependente das flutuações dos mercados ou da generosidade da UE. Daí a nossa mísera qualificação no ranking do desenvolvimento social, a nível europeu, ser completamente incompreensível e inaceitável. Se o país não cresce, claramente, não pode criar riqueza, nem proporcionar melhores salários aos trabalhadores. Não pode estimular a capacidade de investimento no sector do Estado, alavancar o investimento privado e de qualificar o emprego.
O crescimento económico dos últimos seis anos serviu para somente o governo “espalhar brasas” à boa maneira socialista. Propaganda que caiu logo após as primeiras dificuldades.
Rio terá argumentos para cativar investimentos e dar um novo rumo ao país?
Ponto três - Um país ingloriamente marcado por uma franja gorda e triste de pobres. Fica muito mal por razões várias, sendo a principal referente a Portugal pertencer a uma das áreas mais ricas do planeta e ter recebido muito dinheiro e aos trambolhões.
Segundo os números divulgado são cerca de 2 milhões de pessoas que vivem com menos de 540 euros por mês. Esse número foi engrossado agora com a pandemia com mais 400 mil pessoas. (Dados do Observatório Social da Fundação “La Caixa”). As causas também estão bem estudadas e referenciadas - divórcio, desemprego, doença - fazem com que muitas pessoas não consigam suprir as necessidades básicas para se ter uma vida tranquila e digna. Pobreza em Portugal, enfim, uma indignidade democrática e, neste caso, uma vergonha socialista.
Rio terá ideias, sensibilidade e equipa para atenuar o gravíssimo problema da pobreza?
Ponto quatro - O endividamento. A dívida das famílias, das empresas e pública está em números muito preocupantes: 765,6 mil milhões de euros. Como se chegou a esta exorbitância é inexplicável à luz da razoabilidade de uma gestão que dever-se-ia pautar pelo rigor, pela sensatez e pela eficiência. O país falhou em toda a linha e meteu-se em sarilhos complicados.
Como resolver o problema agora que os juros ameaçam subir? À maneira socialista: “as dívidas não são para se pagar, mas para serem geridas”. Outros defendem com acerto: mais rigor, apertos orçamentais equilibrados e crescimento económico. Continuar na linha do endividamento é uma irresponsabilidade e não é mais aceitável.
Rio terá a noção do abismo em que o país está metido?
Ponto cinco - É tempo de mudar de políticas. De cenários. E de actores. Estes já estão gastos e depenados. Não têm mais nada para dar, a não ser mais do mesmo. Daí, a necessidade de um outro líder no governo para mudar o sentido frouxo e “poucochinho” que o país tem tido.
Rio terá postura, firmeza e capacidades para o fazer? Eu acredito que sim.
Autor: Armindo Oliveira