O que se passou na distrital socialista da Guarda diz bem da voracidade e do descaramento da boyada pelos lugares do Estado, não olhando a meios para os conseguir. O que não é novidade nenhuma. É este o modus operandi do PS e do centrão, grosso modo. Eis aqui a preciosidade vinda da Cidade da Guarda: o presidente da distrital do PS ameaçou retirar a “confiança política” ao ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, se ele não nomeasse dirigentes do partido para a administração do Hospital do distrito. É esta a democracia que nós queremos? Incrível!
Os problemas económicos e financeiros existem de facto e estão a atingir níveis preocupantes na viabilidade e no futuro do país, porque este Governo não os quer encarar com rigor, com prudência e com eficácia para lhes dar a resposta adequada e conveniente. Prefere fantasiar e iludir; prefere enganar os reformados, por exemplo, com aumentos de três ou quatro euros mensais; prefere alimentar o “sonho” dos 100 mil precários que irão ficar vinculados à função pública; prefere empolgar o resultado embusteiro do défice público; prefere deitar foguetes por se ter atingido a marca de 1,4% no crescimento económico; prefere aumentar desmesuradamente a dívida pública para níveis cada vez mais insustentáveis.
É trivial dos anais da economia que para se fazer face à medonha dívida é preciso cortar na despesa e aumentar as receitas (impostos). A narrativa da geringonça não é original e pode levar ao desastre a curto prazo. Costa está a desenvolver uma segunda versão, versão light, irresponsável e cínica, da governação de Sócrates.
O Governo tem optado pela solução de esconder os problemas “debaixo do tapete”. Quem vier a seguir que faça o trabalho sujo de “limpa-esgoto” como aconteceu em 2011, trabalho meticuloso que nos levou à bancarrota, como todos sabemos. Sócrates enrolou-se com o PEC IV. Costa vai lançar as culpas para o “diabo” de Passos Coelho e para a falta de solidariedade da UE. É isso o que estas esquerdas, que não se podem ver uns aos outros, querem para o país.
Portugal tem, claramente, constrangimentos de natureza cultural, educacional e de cidadania que o impedem de ter um desempenho económico e de desenvolvimento social congruente com a sua condição europeia. Segue em linha paralela a ideia redutora que somos um país pobre e de pobres. Conceitos fraudulentos, baseados na inexistência de recursos naturais que proporcionem um desenvolvimento adequado e sustentado. Nada é mais falso e mais negativo. Só gente estigmatizada e leviana é que é capaz de debitar este discurso pobretanas.
O preconceito cultural e acrítico de sermos um país pobre foi-nos embutido na mente por uma classe política rasca, gananciosa e incompetente para usufruírem das vantagens produzidas por um Estado clientelar, submisso e frágil. É com estes epítetos que nos tentam enganar ou nos adormecer. Olhemos para a Áustria, para a Holanda e para outros países do norte da Europa.
Não é aceitável conviver com mentiras, com irresponsabilidades e com demagogias, o que vai destruindo, pela certa, o futuro deste país maravilhoso e com gente, na sua maioria, simples, em que uns tantos se contentam em se enfrascar nos centros comerciais, jogar na raspadinha, de andar de carro ao fim de semana, passear os cães e a cuscar, a toda a hora, no Facebook.
Autor: Armindo Oliveira