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Revolução de 28/5/1926 e Dia Internacional dos Soldados da Paz-ONU

Francisco Cunha Leal, engenheiro, militar e articulista, Reitor da Universidade de Coimbra, 1º Ministro (Presidente do Ministério), Ministro das Finanças de Governos da I República, foi membro do “Partido Republicano Nacionalista” e fundador da “União Liberal Republicana”. É Leal que no dia 27/5/26 – servindo de aperitivo para o Congresso Mariano de 28 com as principais figuras do conservadorismo católico –, organiza um almoço em Braga com apoiantes e discursa no Bom Jesus com duras críticas contra o “Partido Democrático” como “subserviente do Doutor Afonso Costa”, o Professor da Universidade de Coimbra que chegou a ser Presidente da República e que devido ao seu radical laicismo era conhecido por “mata-frades”. Seria depois Salazar que o levaria ao exílio. A ferocidade na prosa de Cunha Leal também não poupa Ginestal Machado (1º Ministro), Pedro Pita e Tamagnini Barbosa (Militar, Ministro e Presidente do Conselho depois do assassinato de Sidónio Pais, 1º Ministro, Embaixador em Berlim, Presidente da República e Professor de Matemática da Universidade de Coimbra), como: “o ambicioso, o intriguista e o maquiavélico”. É neste ambiente inflamado do Bom Jesus que chega à cidade o General Gomes da Costa, para assumir o comando da Revolução Nacional e Golpe Militar de 28/5/26. Como muitas vezes acontece nestas revoluções, Cunha Leal transforma-se mais tarde num dos mais notáveis opositores a Oliveira Salazar e um dos primeiros proponentes à autodeterminação das Colónias. Ao contrário dos outros levantamentos da I República, este acabou com a própria I República. O Governo de António Maria da Silva estava embaraçado com a crónica má gestão do monopólio dos tabacos e a corrupção. Questão aliás crónica desde a parte final da Monarquia. Este Governo corta o diálogo com o Parlamento. Suicida-se democraticamente. A maioria esmagadora da População Portuguesa apoiou a Revolução de 28/5/26 e Gomes da Costa é recebido em Lisboa por milhares de pessoas em euforia: sob a liderança de Mendes Cabeçadas, e juntamente com Gama Ochoa, Jaime Baptista e Carlos Vilhena, estava formada a Junta de Salvação Pública. O temido Chefe da Polícia Ferreira do Amaral também adere à Revolução. O Governo demite-se. O Presidente da República Bernardino Machado fica isolado. Recorde-se que a instabilidade era total: só entre 1920/26 houve cerca de 23 Governos! Por volta da noite sangrenta, 19/10/21, são assassinados o 1º Ministro António Granjo (tinha fugido para casa de Cunha Leal), mas também os políticos Almirante Machado Santos, Comandante José Carlos da Maia ou o Coronel Botelho de Vasconcelos. Um dos quais, por uma questão de honra hierárquica, ordenou aos soldados rasos os disparos sobre si próprio. Com a morte depois do soldado cabecilha dos assassinos, nunca os principais instigadores foram sancionados. 1º Mendes Cabeçadas e depois Gomes da Costa, líderes do 28 de Maio, viriam a ser exilados, ascendendo Óscar Carmona primeiro e depois o especialista em Finanças Públicas Oliveira Salazar ao poder. Cabeçadas e Gomes da Costa eram de alas revolucionárias “consideradas demasiado moderadas” e, sobretudo Cabeçadas, queria ainda uma espécie de Constitucionalismo Republicano. Por fim, mas não por último, e porque a Paz depende sempre das Forças Armadas, 29 de Maio é o dia Internacional dos Soldados da Paz da ONU. É hora do mundo, em tempo infernal de Covid-19, prestar tributo ao trabalho da ONU e honrar cerca de 4.000 Soldados da Paz que perderam as suas vidas sob a égide da ONU desde 1948, incluindo 130 em 2020. Milhares de Jovens entre os 18 e os 29 anos estão aí a servir com generosidade a Paz no Mundo de acordo com as Resoluções do Conselho de Segurança 2250, 2419 e 2535. São já mais de 1 milhão desde 1948 em 72 Operações. Hoje cerca de 89.000 em 12 Operações. Será atribuída a Medalha Dag Hammarskjold. Não esquecendo nunca todavia que nada é perfeito e já houve graves violações dos Direitos e Deveres Humanos cometidas pelos próprios “Soldados da Paz da ONU”...


Autor: Gonçalo S. de Mello Bandeira
DM

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28 maio 2021