Inspiro-me hoje numa belíssima obra que me caiu nas mãos, da autoria de Grabriele Kuby, sob o título A Revolução Sexual. Destruição da liberdade em nome da liberdade (ed Principia, Cascais, 2019).
Eis os dados que fui colhendo.
Muitos não transmitem a vida que receberam. O direito à vida está cada vez mais ameaçado, quer se trate de começos, ou de finais. A degeneração moral ocorre a um ritmo avassalador. O homem e a mulher estão subjugados a um cilindro ideológico, que os aplana, destrói, mistura, metamorfoseia, adultera. Quem hoje se decida pela defesa da heterossexualidade está candidato a pária social.
Que grande derrocada por aí se adivinha.
Para aqui vamos sendo empurrados por muitas forças, ideologias e organizações.
Recuamos até Nietzsche e ouvimo-lo dizer que só uma raça superior neopagã nos pode livrar de um cristianismo que apadrinha uma «moral de escravos» para os fracos.
Veio depois Margaret Sanger a defender o aniquilamento das pessoas erradas mediante a contraceção, a esterilização, o aborto; os criminosos devem ser esterilizados, os débeis mentais proibidos de deixarem descendência; só as pessoas desejáveis devem ter direito à vida.
Marx propugnou a destruição da família.
Alexandra Kollontai lutou pela legalização do divórcio e do aborto, fundou casas comunais (tudo ao molho…) e promoveu o amor livre, para libertar a mulher da opção entre o casamento e a prostituição; ufanava-se vendo o fogo dos lares a apagar-se.
Wilhelm Reich bateu-se pela eliminação de qualquer repressão sexual, cada um a procurar a autossatisfação; todos os flagelos desapareceriam se as pessoas vivessem os seus impulsos sexuais sem qualquer limitação.
Seguiu-se Magnus Hirschfeld, a favor da legitimação da heterossexualidade, ainda que, ambiguamente, defendesse a heterossexualidade como «deformidade congénita», «anomalia» e «perversão».
E a procissão haveria de continuar com Sigmund Freud e C. G. Jung, a pedirem respeito pelo subconsciente, este a valer mais que a religião, a moralidade ou a autoridade parental.
Com Edward Bernays, surgiu o pedido de uma manipulação dos hábitos organizados e das opiniões das massas, a fim de se subverterem as normas instaladas.
Apareceu depois Alfred Kinser, o grande patrono da anarquia sexual; para ele, famílias, mulheres, crianças são relíquias de uma moral hipócrita, a substituir pela absoluta tolerância; venham o divórcio, a legalização do aborto, as relações extraconjugais, a coabitação, a tolerância da fornicação, da sodomia, da homossexualidade, da prostituição…
Papel-chave, na mudança de paradigma, coube a John Money, defensor da ideologia de género (cada um escolhe o próprio género); a ele se deve a primeira clínica para operações de mudança de sexo (a Gender Identity Clinic).
Para Simone de Beauvoir, «uma pessoa não nasce mulher, torna-se mulher». E Simone não queria ser mulher, pois isso implicaria sujeitar-se à opressão dos homens. As mulheres devem negar a sua identidade feminina, para poderem gozar dos mesmos privilégios dos homens. Para Beauvoir, a gravidez é uma «mutilação», o feto um «parasita», nada mais que «um pedaço de carne».
As revoluções estudantis dos anos 60 da pretérita centúria tornaram famosa a «libertação sexual». Tudo sem normas, sem peias, sem amarras, sem valores «tradicionais».
Isso defende também Herbert Marcuse, no seu livro Eros and Civilization. Proposta dele: viver aqui e agora segundo o princípio do prazer; haja “via verde” para a satisfação desenfreada dos impulsos sexuais.
Esta «sexualidade liberta», desamarrada do matrimónio e até do tabu do incesto e da proibição da pedofilia era praticada em Berlim, na «Comuna I» e na «Comuna II», com aplausos da comunicação social. O sexo com qualquer pessoa – diante de crianças, com crianças e entre crianças – foi promovido «sem possessividade burguesa».
Neste caminho para a transformação total da sexualidade e da sociedade, merece referência a queda do Motion Picture Production Code (também conhecido como Código Hays) em Hollywood, e o fim da proibição da pornografia na Alemanha (em 1973). O sexo começou a fazer furor nos meios de comunicação social.
Até que chegamos aos tempos mais recentes, rios de dinheiro investidos – pelas Nações Unidas, pela União Europeia – na divulgação/imposição da ideologia do género e na desconstrução da sexualidade binária.
E agora convivemos com a sigla «LGBT»: lésbicas; gays; bissexuais; transexuais. Podemos ainda alargar a sigla para «LGTBI», a última letra significando «intersexualidade»; mas ainda podemos ser mais atuais e exaustivos, usando a sigla «LGBTQQIP2SAA+», que significa lésbicas, gays, bissexuais, transgéneros, questionadores, queer, intersexuais, pansexuais, dois-espíritos, andróginos e assexuais; o sinal + engloba outras variantes possíveis.
Temos muito por onde escolher! Viva a confusão! Viva a fartura!
(Cont.)
Autor: José Paulo Abreu