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“Respeitosamente” solidário

Criado em 2018, o Sindicato liderado por André Pestana, “S.TO.P”., tem andado a tirar protagonismo à “FENPROF” e ao seu líder, Mário Nogueira. Não só pela maior capacidade de mobilização, por se tratar do “Sindicato de Todos os Profissionais de Educação”, como por ter vindo mudar o paradigma na luta dos professores, estendendo-a a outras classes profissionais abonadas pelo Ministério da Educação. Não sei se os outros organismos sindicais já haviam introduzido, alguma vez, o mesmo método, mas se o faziam nunca dei por isso. No entanto nesta questão, em meu entender, deveria ser usada a velha máxima: “cada macaco no seu galho”. Isto é, cada um na sua luta, por forma a não confundir a opinião pública acerca de quem é, afinal, o teor do caderno reivindicativo. Assim não sendo, nesta última greve de professores assistimos à inclusão de assistentes operacionais (vulgo auxiliares de Educação), pais, alunos e sei lá mais quem entrosados numa luta que pertencia, e exclusivamente, à classe docente. Nem estou e ver numa refrega desses profissionais os professores lá metidos. O que me deu a ideia de que essa união serviu, apenas, para engrossar os números. Este novo conceito grevista, trazido pelo “STOP”, colocando tudo ao mesmo nível, isto é, de todos à liça – ainda que não sejam professores – faz-me pensar no facilitismo a que chegou a escola pública portuguesa. Dado que o “respeito” exibido nos cartazes é o que menos tem havido nas relações escolares, tal tem sido o conflito de interesses que vagueiam nas escolas. Ou não fosse o professor, amiúde, visto como o mau da fita e a quem deve ser dada uma lição. Não sendo raro termos tido algumas situações de desrespeito e, até, de agressões de educandos aos docentes com a anuência e ajuda dos pais. Porém, tudo parece esquecido nesta peleja. Com efeito, acho que os alunos para além de passarem demasiado tempo em disciplinas de retórica sobre algumas das novas pancadas ideológicas vêm-se afetados, ainda mais, com as consecutivas interrupções letivas por via das greves. Sendo de vaticinar que este braço de ferro entre sindicatos e o Ministério da Educação venha a fazer com que cresça, ainda mais, o êxodo de educandos para o setor privado de ensino, tal como sucede na saúde pública. E só não fogem mais, devido aos baixos salários dos progenitores. De facto, ao que vimos assistindo é à implosão da Educação iniciada pelos burocratas: M. de Lurdes Rodrigues; Tiago Brandão Rodrigues e, agora, por João Costa. De resto, no que aos professores diz respeito, manifesto todo o meu apoio ao desejo de verem reparadas as gritantes injustiças de que, há largos anos, vêm sendo vítimas. Sei o que é ter de andar, de um lado para o outro, com as troixas às costas. Porque tenho duas familiares que, há uns anos, viveram esse drama: a minha filha que após ter queimado as pestanas e torrado um ror de dinheiro a formar-se professora lecionou, apenas, 12 anos repartidos por: Mogadouro, Almodôvar, Viana do Castelo e Loures. Vendo-se de repente a 120 km de casa para duas horas letivas. Não só abdicou, como foi parar à grande distribuição. Já minha esposa, há alguns anos aposentada, esteve colocada em: Aveiro; Soajo - Adrão; S. Mamede de Refoios - Vacariça, etc., por onde lecionou anos a fio, tendo arcado com as despesas de deslocação e habitação. Numa época remota em que tinha uma criança, não possuía viatura e escasseavam os meios de transporte. Mesmo os fins de semana em família só às vezes, ou nas férias. Contudo, lá foi resistindo às adversidades que daí advinham. Citei estes dois exemplos (mas sei de outros), para dizer que o estado do método de colocações do professorado já vem do tempo da outra senhora – arrastado pelos sucessivos Governos –, sem nunca ter havido um capaz de o humanizar. De resto, com ou sem “STOP”, declaro-me “respeitosamente” solidário com todos os professores e estou com eles na urgente “reforma” do atual sistema da Educação Publica em Portugal.  
Autor: Narciso Mendes
DM

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13 fevereiro 2023