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Representatividade dos jovens precisa-se

O programa de debate da RTP1 “Prós e Contras”, que é exibido na RTP às segundas-feiras em horário noturno, pretende ser uma janela aberta à “sociedade portuguesa, respeitando a diversidade de opiniões e a representação democrática, mas fora da lógica das organizações partidárias”, e que em regra é bem conseguido, pela forma positiva e ponderada que os convidados usam da palavra para expor as suas opiniões. Esta semana, foi dedicado à dificuldade que os "mais jovens" têm em se afirmar no sentido de renovar as lideranças e opinião dos "mais velhos" nas diferentes áreas da sociedade em Portugal. O tema foi "100 oportunidades", uma plataforma em formato de uma lista de 100 jovens, de vários contextos, ambos os géneros, portugueses, emigrantes e imigrantes, das áreas das ciências, cultura, artes, desporto, etc., e que querem ser ouvidos e ter influência nas decisões sobre o espaço público.

A ideia deste grupo, liderado e desenvolvido pelos Global Shapers de Lisboa, Comunidade do Fórum Económico Mundial, é a de que exista “um diálogo intergeracional” em vez de “um combate geracional”. O debate desta segunda-feira esteve sofisticado, com linguagem de ponta, falou-se muito em stratup´s, liderança, profissões do futuro, etc. De uma forma geral escutaram-se boas e preparadas intervenções, juventude (em teoria) bem formada e informada, mas infelizmente, ninguém se lembrou da "Escola", do seu futuro, não se falou da "velha" estrutura etária da classe de Professores, e onde o espaço para os jovens educadores está bloqueado.

Mas afinal não devia ser a nova Escola, e Universidade, já com os mesmos problemas de envelhecimento, os motores da mudança? O espaço para os jovens e bons líderes se replicarem e ajudarem a formar "gente para o futuro", e sobretudo "pessoas boas"? A realidade não deveria ser os Professores Seniores a “conviver” com os Professores Jovens?

No caso específico do Desporto, as mudanças na maior parte das organizações, sejam da Administração Pública ou Associativa, só se conseguem, em regra, por decreto, veja-se o exemplo da limitação de mandatos nas Federações Desportivas, embora existam bons mas poucos exemplos e com resultados visíveis, nomeadamente as que se têm preocupado em recrutar os melhores, nomeadamente junto das novas gerações.

Um bom e recente exemplo de mudança a favor dos jovens, de lhes conferir espaço e “poder de decisão”, vem desta vez do outro lado do Atlântico, do Brasil. As Federações dos diferentes desportos, através de Legislação de caráter obrigatório, da iniciativa do Ministério de Cidadania, estão a alterar os seus estatutos. A Confederação Brasileira de Desporto Universitário, das primeiras a realizar este exercício, passou a contar com 1/3 dos atletas (entre os 17 e 25 anos), no colégio eleitoral e Assembleia Geral, e estes, deverão ainda eleger um seu representante para a Comissão Diretiva.

Organizações que não se renovam, que não contam com as novas gerações, não crescem e não participam no desenvolvimento social do seu país. Maior representatividade dos jovens precisa-se!


Autor: Fernando Parente
DM

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24 janeiro 2020