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Regresso promissor

Este artigo é o primeiro de 2023 e, inevitavelmente, o seu conteúdo vai direto ao último jogo de 2022 do SC Braga na Pedreira, frente ao atual líder incontestado da Liga, o SL Benfica. Curiosamente, o encontro realizou-se no dia 30 de dezembro, precisamente dezanove anos depois da inauguração deste estádio, que Souto Moura desenhou, demonstrando que de futebol pouco ou nada percebe. A anteceder o duelo houve “notícias” colocadas em diversos órgãos de comunicação social, especialmente nos diários desportivos, referentes à situação da não transferência de Ricardo Horta, no distante mercado de verão, supostamente para o Benfica. A perturbação do trabalho preparativo do jogo veio de Málaga que, ao fim de vários meses, tinha agora em sua posse os documentos necessários para formalizar uma queixa à FIFA, cuja ameaça inicial remonta aos meses de verão. Obviamente que estas “notícias” não foram inocentes e surgiram precisamente poucos dias antes do jogo, visando perturbar o grande Capitão, Ricardo Horta, que é o orgulho de toda a Legião do Minho. Em Portugal, por vezes, vale tudo para tentar ganhar, mas nem sempre o resultado corresponde, como foi claramente este o caso, uma vez que o melhor marcador da história dos bracarenses revelou, uma vez mais, um grande caráter e um profissionalismo que ninguém ousará colocar em causa. É sabido que nos jogos contra os autoproclamados grandes o SC Braga não coloca bilhetes de público à venda, além daqueles que os regulamentos determinam para ceder aos adversários. Porém, na bancada poente inferior existia uma franja de adeptos visitantes, provavelmente com permutas destinadas às empresas. Este assunto merece uma reflexão, mesmo que eu não tenha nenhuma solução imediata para isso, ainda que tenha existido o bom senso de impedir a entrada de adereços do clube visitante fora da zona destinada aos adeptos forasteiros. O SC Braga surgiu no relvado com uma disposição tática diferente, visando uma maior consistência defensiva e um equilíbrio adicional, que possibilitasse a correção dos jogos realizados frente ao FC Porto, para a Liga, e ao Sporting, para a Taça da Liga, que terminaram com goleadas pesadas. O treinador, Artur Jorge, parece ter aprendido a lição e este triunfo, por 3-0, tem a sua interferência direta, através das alterações introduzidas. Abel Ruiz inaugurou o marcador bem cedo na partida e Ricardo Horta bisou, na obtenção desta vitória que é tão clara como justa. Sublinho, ainda, que o segundo golo é um verdadeiro poema, pela forma coletiva e dinâmica como foi construído, deixando as bancadas em êxtase, alimentando as famintas almas braguistas, ávidas de uma noite épica assim há algum tempo. Este triunfo representa um regresso promissor à liga portuguesa, mas é importante que ninguém adormeça sobre ele e exista sequência nos próximos confrontos, importantes na definição da época desportiva. O desnível do resultado verificado neste jogo só foi igualado ou superado por três vezes antes, na longa história arsenalista. Curiosamente, o SC Braga venceu seis dos últimos oito encontros oficiais frente ao Benfica, o que desmente aqueles que consideram levianamente que as águias ganham sempre ou perto disso. Aliás, o Benfica só perdeu duas vezes fora em 2022, ambas na Pedreira, o que certifica as dificuldades que os Gverreiros do Minho colocam aos seus adversários, quando estão ao seu melhor nível.
Autor: António Costa
DM

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5 janeiro 2023