Estima-se que as actuais condições sociais relacionadas com a covid-19 contribuam para que 70% dos profissionais estejam sob stress constante e 20% experimentem esgotamento, embora haja outras situações igualmente difíceis, se é que hoje isso se não tornou uma condição histórica. Realmente, hoje, a vida não está fácil para os professores. O que é característico dos professores, é ter de lidar directamente com jovens que trazem para a escola a ansiedade viva das famílias traduzida no seu desejo de viver e aprender. Mas, para além disso, há dois aspectos interligados: ser capaz de motivar a aprendizagem dos alunos nas actuais circunstâncias e ser capaz de o fazer pessoalmente como se estivesse tudo bem. Isto mostra que temos de aprender cada vez mais duas coisas que nos servem de ferramentas no dia a dia: conviver com o stress e dispor de técnicas para o controlar. O controlo pessoal torna-se cada vez mais importante e necessário na vida. “O controlo sobre a estimulação aversiva tem efeitos profundos em relação à resposta vegetativa, endócrina e imunológica e pode influenciar os processos patológicos implicados no desenvolvimento da doença cárdio-vascular, proliferação e rejeição de tumores e aquisição de lesões gastro-intestinais. Clinicamente, tanto o controlo do stress como a sua falta têm sido identificados como relevantes em relação à experiência de dor, de ansiedade ou de depressão”. Isto faz com que o papel da psicoterapia venha adquirindo uma relevância cada vez mais significativa na formação dos professores e no acompanhamento dos alunos. E, entre esses modelos, os que incluem técnicas de relaxamento associadas à análise. São áreas diferentes e autónomas que se podem ajudar.
Recordo-me da década de 80 em que estas matérias começaram a aparecer, sobretudo com a influência da corrente inglesa e americana ligadas à Hipnose Clínica e esta associada à Hipnoanálise. Por essa altura, também se começava a estudar e praticar a Sofrologia, que dá mais relevo ao factor da consciência.
Hoje, fala-se muito da meditação transcendental, também conhecida como “MT”, associada ao yoga e introduzida em 1958 por Maharishi Mahesh. Com efeito, o yoga não é apenas a prática de posições corporais, mas também meditação e perceção emocional e psicológica. Recentemente, um grupo de professores participou numa acção de formação e desenvolvimento utilizando a técnica de (MT) meditação transcendental e obtiveram melhoras significativas no que diz respeito ao stress, nomeadamente:
- em relação à exaustão emocional, que é o principal factor de esgotamento,
- em relação à resiliência, que é a capacidade de recuperar ou superar os problemas que aparecem,
- em relação ao stress percebido,
- em relação à fadiga,
- e em relação à depressão.
Para além disso, também se registaram melhoras na resiliência, na sensação de stress, na fadiga e na depressão.
Este estudo demonstra os benefícios da meditação transcendental para fortalecer a saúde física e mental. Um grupo de 78 professores descobriu que aqueles que praticaram a técnica da MT, durante um período de 4 meses, experimentou melhoras significativas nas avaliações de saúde mental, física e emocional. O factor que teve uma melhoria mais forte foi a exaustão emocional, o principal factor no esgotamento.
Mas, para além da MT, há outras vias. Algumas delas até sem grande originalidade teórica. Quem diz MT, pode dizer também MC (Meditação Cristã), inserida na CMC (Comunidade de Meditação Cristã), fundada por John Main, embora ainda menos conhecida e praticada. O problema da meditação não pode estar na base filosófica da MT, o Yoga, versus a base filosófica da CMMC, o cristianismo. Um bom tema para testes académicos.
Autor: M. Ribeiro Fernandes