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Recordando os beatos Francisco e Jacinta

As duas crianças faziam muitos sacrifícios e orações pela paz no mundo e pela conversão dos pecadores, como lhes fora solicitado. Mas havia exagero e Nossa Senhora na aparição de setembro mandou-lhes abrandar os sacrifícios.

Os videntes eram muito solicitados pelas pessoas que os visitavam para pedirem graças diversas. Sentiam-se muito oprimidos com esse afluxo que não lhes dava descanso. Duma vez, ao verificarem um grande rancho de pessoas a dirigir-se a sua casa, Lúcia e Jacinta procuraram refúgio dentro duma dorna, deixando o Francisco sozinho a aturar os importunos.

Quando se foram embora, as duas pequenas saíram do esconderijo e vieram perguntar ao Francisco o que se tinha passado. Respondeu que todos as queriam ver para saber muitas coisas. Vinha também uma mulher que lhe pediu para rezar pela cura dum doente e pela conversão dum pecador. A oração do Francisco foi atendida porque, após a sua morte, essa mulher foi perguntar onde estava a campa dele para lhe agradecer as duas graças que ele alcançara.

Foram várias as graças celestes obtidas em vida por intermédio dos videntes, relatadas pelo Padre João de Marchi no livro “Era uma Senhora mais brilhante que o sol”. 

“E encontrámos um dia – conta a Lúcia – uma pobre mulher que, chorando, se ajoelhou diante da Jacinta, a pedir-lhe que obtivesse de Nossa Senhora a cura duma terrível doença. A Jacinta, ao ver de joelhos, diante de si, uma mulher, afligiu-se e pegou-lhe nas mãos trémulas, para a levantar, mas, vendo que não era capaz, ajoelhou também e rezou com a mulher três ave-marias. Depois pediu-lhe que se levantasse, que Nossa Senhora havia de curá-la e não deixou de rezar todos os dias por ela, até que, passado algum tempo, tornou a aparecer, para agradecer a Nossa Senhor a sua cura.

A Lúcia refere também que uma sua tia tinha um filho que era um verdadeiro pródigo. Tinha abandonado a casa sem se saber dele durante meses. Os pais sofriam muito com a ausência do moço. Essa mãe, de nome Vitória, foi a Aljustrel e encontrou a Jacinta, pedindo-lhe que rezasse por aquele filho pródigo. Passados uns dias, ele apareceu em casa a pedir perdão aos pais e a contar a sua sorte. Tinha andado longe a roubar para se sustentar. Foi apanhado e metido na cadeia de Torres Novas. Conseguiu fugir e continuou a sua desgraçada vida.

Perdido, ajoelhou no monte e começou a rezar. Passados uns minutos, apareceu-lhe a Jacinta, que lhe pegou na mão e o conduziu à estrada de Alqueidão, fazendo-lhe sinal de que continuasse. Estando em caminho conhecido, seguiu até casa. Contou que andou perdido até que lhe apareceu a Jacinta que o conduziu. Perguntaram à vidente se era verdade e ela respondeu que não, nem sabia onde eram esses pinhais e montes onde ele se perdeu.

A graça de Deus atuou duma maneira misteriosa muito forte sobre as almas das crianças videntes e as levou a um grau de santidade elevada. No céu continuam a sua intercessão a favor dos crentes que a elas recorrem com confiança e amor.

 

Autor: Manuel Fonseca
DM

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9 abril 2017