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Recomendações do Papa

No dia 08 de setembro deste ano 2018 o Papa Francisco recebeu os bispos dos territórios de missão participantes num seminário promovido pela Congregação para a Evangelização dos Povos. Do discurso que então proferiu destaco um conjunto de recomendações, reflexo de outras tantas preocupações do Santo Padre. Estas são, por certo, também preocupações de cada um de nós. Limito-me a transcrever a parte final do referido discurso: 1. Evitai o clericalismo, «maneira anómala de entender a autoridade na Igreja, muito comum em numerosas comunidades nas quais se verificaram comportamentos de abuso de poder, de consciência e sexual». O clericalismo corrói a comunhão, porque «gera uma rutura no corpo eclesial que beneficia e ajuda a perpetuar muitos dos males que denunciamos hoje. Dizer não ao abuso – de poder, de consciência, a qualquer abuso – é dizer energicamente não a qualquer forma de clericalismo» (Carta ao Povo de Deus, 20 de agosto de 2018). Portanto, não vos sintais senhores da grei – não sois donos do rebanho – mesmo se outros o fizessem ou se determinados costumes locais o favorecessem. O povo de Deus, para o qual e ao qual sois ordenados, vos sinta pais, não donos; pais cuidadosos: ninguém deve mostrar atitudes de submissão em relação a vós. Nesta conjuntura histórica parece que se acentuam em várias partes determinadas tendências à “liderança”. Mostrar-se homens fortes, que se mantêm à distância e mandam nos outros, poderia parecer conveniente e cativante, mas não é evangélico. Causa danos por vezes irreparáveis ao rebanho, pelo qual Cristo deu a vida com amor, abandonando-se e aniquilando-se. Por conseguinte, sede homens pobres de bens e ricos de relações, nunca rígidos nem irritados, mas afáveis, pacientes, simples e abertos. 2. As famílias. Mesmo se penalizadas por uma cultura que transmite a lógica do provisório e privilegia direitos individuais, permanecem as primeiras células de cada sociedade e as primeiras Igrejas, por serem igrejas domésticas. Promovei percursos de preparação para o matrimónio e de acompanhamento para as famílias: serão sementeiras que darão fruto na devida altura. Defendei a vida do concebido e a do idoso, apoiai os pais e os avós na sua missão. 3. Os seminários. São os viveiros do porvir. Neles, sede de casa. Verificai atentamente que sejam guiados por homens de Deus, por educadores competentes e maduros, os quais, com a ajuda das melhores ciências humanas garantam a formação de perfis humanos sadios, abertos, autênticos, sinceros. Dai prioridade ao discernimento vocacional a fim de ajudar os jovens a reconhecer a voz de Deus entre as tantas que ressoam nos ouvidos e no coração. 4. E agora os jovens, aos quais será dedicado o iminente Sínodo. Ponhamo-nos à escuta, deixemo-nos provocar por eles, acolhamos os seus desejos, dúvidas, críticas e crises. São o futuro da Igreja, são o futuro da sociedade: depende deles um mundo melhor. Até quando parecem estar infetados pelo vírus do consumismo e do hedonismo, nunca os coloquemos em quarentena; procuremo-los, ouçamos o coração deles que suplica vida e implora liberdade. Ofereçamos-lhes o Evangelho com coragem. 5. Os pobres. Amá-los significa lutar contra todas as pobrezas, espirituais e materiais. Dedicai tempo e energias aos últimos, sem receio de sujar as vossas mãos. Como apóstolos da caridade alcançai as periferias humanas e existenciais das vossas dioceses. 6. Por fim, queridos Irmãos, desconfiai, por favor, da tibieza que leva à mediocridade e à preguiça, aquele “démon de midí”. Desconfiai dele. Desconfiai da tranquilidade que evita o sacrifício; da pressa pastoral que leva à intolerância; da abundância de bens que desfigura o Evangelho. Não vos esqueçais que o diabo entra pelos bolsos! Desejo-vos, ao contrário, a santa inquietação pelo Evangelho, a única inquietação que dá paz. 7. E peço-vos, por favor, que não vos esqueçais de rezar e de fazer rezar por mim.
Autor: Silva Araújo
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20 setembro 2018