• Demografia: um país desequilibrado. De um lado, carregado de gente, do outro, vazio, abandonado e em estado de desertificacão social acelerada. Sem justificações plausíveis. Uma aberração na organização territorial, dada a estreiteza de território que separa o litoral da fronteira com a Espanha. Um Interior só falado e com soluções políticas mirabolantes nas alturas eleitorais. Depois disso, votado ao esquecimento com toda a naturalidade. Um fado já bem conhecido pelas pessoas que teimosamente lá vivem e continuarão a viver.
Taxa de natalidade sofrível e sem capacidade de reposição geracional. Um país de velhos, de reformados e de pensionistas, portanto. Ao todo, um número cruel a rondar os 3,6 milhões de pessoas que recebem e não contribuem. Se ao número de pensionistas e de reformados lhe juntarmos os subsidiários do sistema e os funcionários públicos, dá-nos a ideia clara que mais de metade da população portuguesa vive totalmente dependente de um Estado generoso (?), mas falido. De um Estado endividado, improdutivo e gastador.
Os jovens, aquela gente produtiva e reprodutiva, zarparam e continuam a zarpar para terras estrangeiras em busca de trabalho e de tranquilidade. Os que optaram ficar cá, perto de 30% estão no desemprego. Revoltados e desmotivados para dar o seu contributo na construção de um país melhor e mais amigo da inovação e do empreendedorismo.
Que país é este que tem a mais qualificada geração de todos os tempos, lhe paga 500 euros mensais, envia-os para o mundo da emigração ou os coloca nas listas do IEFP para formação ou para estágios profissionais? Que país é este que trata assim os seus jovens, a sua força criadora?
• Taxa de juro: a chegar a um ponto praticamente insuportável para a produtividade da débil economia nacional. Só em juros da dívida pública, o país tem que aguentar mais de 8 mil milhões anuais com tendências óbvias de agravamento. Basta o BCE cortar na compra de dívida ou os juros subirem um “poucochinho” e o país entra, de imediato, em convulsão. Isto não é sustentável. Isto é viver no fio da navalha. Até quando?
• Competitividade: de acordo com os dados do Relatório Global de Competitividade (2016-2017) do "World Economic Forum", Portugal passou do trigésimo oitavo lugar para quadragésimo sexto lugar no ranking da competitividade. Isto num universo de 138 países. Este dado releva bem o nível de competências, de “know-how”, de qualificação, de investimento, de capacidade organizacional e empresarial que temos neste país. Assim, é extremamente difícil competir com a concorrência.
• Pobreza: pouco há a dizer acerca desta vergonhosa realidade, apesar de muita treta e de muitas boas “intenções”. Taxa assustadora de 20%, mas mais assustadora é a crueza dos números. A rondar os 2 milhões! Uma calamidade para uma democracia com 43 anos que não foi capaz de resolver este falhado problema social. Um falhanço irreparável e insolúvel.
• Corrupção: sempre presente e activa. O maior obstáculo ao desenvolvimento e à dignidade das pessoas. Uma afronta à Justiça, à democracia e à liberdade. Os políticos e as oligarquias sempre no olho do furacão corruptívo acoberto da impunidade e da morosidade da Justiça.
É este o país, um país, de facto, magnífico, que ainda temos para viver e que permitimos que o construíssem à imagem dos «donos disto tudo», consoante os seus interesses para dominarem comodamente o poder. Que poder é este baseado em frustrações, em mentiras e em oligarquias?!
Autor: Armindo Oliveira