De há uns tempos a esta parte tem-se vindo a agravar as cenas registadas em diferentes estádios do futebol português, sempre que os três principais candidatos jogam, quer seja entre si quer seja frente aos outros participantes da prova.
Os exemplos têm sido tantos que basta recordar as cenas protagonizadas no passado, sábado na final da Taça da Liga, no jogo entre o FC Porto e SC Portugal, e o jogo da Liga entre o Marítimo e FC Porto, disputado na passada 4.ª feira na Madeira. Não perderei tempo na descrição do que se passou porque isso é do conhecimento público, já que todos os canais televisivos e imprensa diária (mesmo a não desportiva) têm dedicado grandes espaços ao tema em discussão. No entanto, sem ser novo, estas situações deveriam fazer corar de vergonha qualquer cidadão deste país e principalmente todos os intervenientes que contribuem para tal espetáculo, colocando o desporto, em geral e o futebol em particular, pelos piores motivos, nas bocas do mundo. Promovemos um péssimo exemplo de civismo, respeito, educação e fair play, valores que teimam em não fazer parte do dicionário do futebol português. Já por diversas vezes aflorei este assunto, neste jornal, mas parece que nenhuma entidade responsável tem interesse em resolver estas questões.
A violência nos campos desportivos não se pode eliminar com um simples estalar de dedos, longe disso, o que é necessário é eliminar as causas que a originam, como expressão de indignação. Mas reprimir a violência de forma insensata pode conduzir a uma violência ainda maior, ou seja, de grau superior!
Violência é um comportamento que causa dano a outra pessoa ou objeto e por isso deve ser erradicada de vez mas terá que ser entendida como respeito por si próprio e por todos os outros, assumindo comportamentos dignos de cidadania.
A violência no "desporto" assume dois vetores distintos, ou seja, a violência nas bancadas, entre aqueles que assistem ao "espetáculo" e aquela "outra" a que são sujeitos os "artistas" profissionais, ou seja, eles têm de se manter, sempre, no seu melhor, apesar de sabermos que isso nem sempre é possível pois há "ciclos" de forma que influenciam a rentabilidade que se desejaria.
Estou certo que deveremos realmente refletir sobre a problemática da violência a nível desportivo e perceber o que é mais comum acontecer, mas a principal conclusão que podemos tirar é que há a possibilidade de estarmos a participar nesta violência caso sejamos um daqueles adeptos que provoca a equipa adversária, que provoca os árbitros, os jogadores ou os restantes adeptos, mas se os exemplos forem originários dos dirigentes maior será a sua gravidade!
Um outro ponto importante que podemos extrair é que nem todas as situações violentas são iniciadas no recinto desportivo, sendo muitas vezes originárias por declarações dos dirigentes que influenciam as massas adeptas e nos conduzem a tal situação. E por isso urge tomar medidas de combate a este estado de coisas, responsabilizando quem efetivamente contribui por aquilo que acontece, fingindo ignorar a realidade. Tem a palavra as entidades responsáveis pelo desporto quer sejam as estatais ou as privadas. Urge perguntar - “Quo vadis futebol?
Autor: Luís Covas
Quo vadis futebol
DM
3 fevereiro 2023