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Questões de família

No que respeita aos seres vivos que connosco partilham o planeta, começámos, quando ainda não existiam aparelhos que nos permitissem ver a bicharada muito pequena, por os dividir nos reinos das plantas e dos animais. Lá pelo século XIX, criámos uma outra categoria para os seres microscópicos, unicelulares, designado reino Protista. Já no final dos anos 60 do século XX, o cientista norte-americano Robert Whittaker criou uma nova ordenação dos seres vivos em cinco grandes grupos, ou reinos: Plantae, Animalia, Fungi, Protista e Monera, seguindo critérios de classificação como a organização, a tipologia celular e a forma de nutrição. Com mais ou menos ajustes resultantes de estudos recentes, este é ainda o sistema de classificação vigente nos nossos dias. Resumidamente, esta classificação (ou taxonomia) permite-nos catalogar todos os seres vivos em Reino, Filo (animais) ou Divisão (plantas), Classe, Ordem, Família, Género e Espécie, num sistema que evolui do geral para o particular. Tudo isto vem a propósito de um TPC que exigiu a nossa orientação, apesar (ou por isso mesmo) da facilidade com que o “sr. Google” nos dá uma resposta imediata a todas as nossas perguntas. O trabalho centrava-se no castanheiro (Castanea sativa), árvore pertencente ao género (claro está) Castanea, o qual abrange algumas outras espécies, irmãs do castanheiro, com pouca ou nenhuma expressão no nosso país. Este género Castanea pertence à família das fagáceas, a qual, além daquele, engloba os géneros Fagus e Quercus. Ao género Fagus pertence uma dezena de espécies de faias, entre elas a mais conhecida faia europeia (Fagus sylvatica). Já ao género Quercus, pertencem outros primos do castanheiro bem nossos conhecidos, como o sobreiro, a azinheira, o carvalho-alvarinho e tantos outros carvalhos e carvalhiças, desde verdadeiros gigantes do tempo das Cruzadas, a pequenos arbustos rijos e resistentes que ainda vão revestindo um ou outro matagal. Pese embora a floresta nativa portuguesa tenha sofrido grandes transformações, é ainda possível fazer um mapa do nosso país só com o estudo das espécies dominantes de carvalhos e afins: o carvalho-alvarinho nas zonas mais húmidas e amenas do litoral norte, o carvalho-negral nas Beiras interiores e Trás-os-Montes, a azinheira nos interiores do sul, etc. Já me estou a perder no raciocínio. Vamos ficar por aqui no TPC e esperar por umas castanhas quentinhas, ali à entrada da Rua do Souto, como o próprio nome indica.
Autor: Fernanda Lobo Gonçalves
DM

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8 outubro 2017