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Quem tem melhor memória: o homem ou a mulher?

1. Em tempo de exames, vem a propósito falar de memória. E, já agora, uma curiosidade: quem tem melhor memória: o homem ou a mulher? Comecemos por aqui. Um estudo comparativo feito pela D.ra Joanan Pinkerton, da Sociedade Norte-americana de Menopausa, indicia que as mulheres têm uma capacidade de memória superior à dos homens, mais concreta e por mais tempo. A ressalva é que a memória feminina diminui à medida que termina o seu período de menopausa e, para além disso, têm maior risco de diminuição de capacidade de memória e de demência do que os homens. Mas que, até à meia-idade, as mulheres superam os homens de idade equivalente em medidas de memória.

Este estudo indicia também que as mulheres antes e durante o período da menopausa superam as mulheres pós-menopausa. Assume-se que a baixa dos níveis de estradiol esteja associada à diminuição da capacidade de memória e aprendizagem e de recuperação de informações. Mas, o armazenamento e consolidação da memória mantêm-se.

Quanto à perda de memória, em geral, está documentado que ela seja consequência do processo de envelhecimento. As estimativas epidemiológicas apontam que 75% dos idosos relatam problemas relacionados com a memória. 2. A memória desempenha uma função muito importante na nossa vida. É o espelho consciente da nossa identidade pessoal e da nossa referência social. Sem memória, ficaríamos sós no mundo. Para além disso, ela molda o modo como descrevemos o presente e se influencia o futuro. Apesar de não podermos modificar os acontecimentos passados, com a nossa capacidade crítica de avaliação e juízo podemos reeditá-los hoje à luz do presente, dando-lhe assim um novo enfoque que vai influenciar o nosso contributo para um futuro diferente. A este respeito, que vale a pena guardar a expressão curiosa e pragmática Jeff Zacks, da Universidade de Washington: “memória não é apenas uma questão de tentar lembrar, mas para fazer melhor da próxima vez”. Quem não for capaz disso, fica prisioneiro do seu passado, incapaz de evoluir e de progredir. Fica apenas a repetir saudosamente o passado. Claro que o passado existe, é parte de nós, mas não nos pode impedir de crescer, não pode bloquear o futuro.

3. Geralmente, ao lidar com uma nova situação, as pessoas tendem a favorecer a pista mais fácil, que é refugiar-se no passado e valorizar apenas as suas características superficiais, em vez de procurarem as características estruturais, as razões de ser, a sua questão-chave que funciona como lei dinâmica dos acontecimentos. Não conseguem apreender a estrutura profunda das situações que lhe são apresentadas e ficam-se apenas pelas semelhanças. Isto acontece frequentemente em reuniões comemorativas do passado vivido em grupo, sejam reuniões de curso ou de qualquer outra vivência em grupo, onde a tendência quando se reencontram é recontar as histórias mais ou menos pitorescas de que fizemos parte. Fazer isto também é importante, na medida em que funciona como elo emocional das nossas raízes, do nosso percurso de vida; mas apenas isso, não esquecer o hoje, não parar aí. A vida é para continuar. Que seja apenas um degrau das escadas que vamos construindo e subindo vivido num contexto histórico definido. De outro modo, seria uma forma inconsciente de envelhecimento prematuro.

4. A experiência mostra que a nossa memória é guiada pelo princípio da opção mais fácil e que os recursos superficiais tendem a dominar a lembrança. Isto questiona uma certa ideia de ver a História. Isto é importante não apenas na nossa vida pessoal e social, mas também na escola, onde os recursos mais relevantes devem ser destacados para os alunos. Isso é decisivo para a educação e para o progresso. Porque os aspectos superficiais podem ser enganosos, como diz a professora Evelyne Clément. Por falar em memória, não podemos esquecer a época de exames em que estamos e que há estudantes que, só nesta altura, fazem uma maratona de esforço conta o tempo para decorar matérias dadas. O resultado é que se cansam e não obtêm o resultado esperado. O trabalho de memória precisa de pequenos intervalos, pequenas pausas, durante as quais o cérebro faz o trabalho de consolidar a memória e procurar compreender a matéria decorada.

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O trabalho de memória precisa de pequenos intervalos, pequenas pausas, durante as quais o cérebro faz o trabalho de consolidar a memória e procurar compreender a matéria decorada.


Autor: M. Ribeiro Fernandes
DM

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4 julho 2021