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Que todos paguem IRS

E o mais obsceno da questão é que estas famílias que suportam 70% do IRS são essencialmente da classe média e média baixa, cabendo à classe mais alta (os designados ricos) uma pequena contribuição; obviamente que esta situação encaixa na evidência histórica de que sempre foi e continua a ser a classe média que paga as crises e aguenta as piores revoluções sociais. 

Pois bem, o Governo socialista de António Costa ao pretender fazer uma revisão dos escalões do IRS, tão badalada como mais justa e democrática, mete o pé na argola; e pior ainda, cedendo às exigências dos parceiros de governação, Bloco de Esquerda (BE) e Partido Comunista Português (PCP), apenas aumenta o número dos não pagantes de IRS o que, no fundo, mais não é do que brincar à revisão dos escalões; e, assim, encher o peito de um falso e demagógico impulso socialista e igualitário. 

Para quem não sabe ou alheio anda às manigâncias e tramoias da Geringonça é bom que pense mais pela sua cabeça e abra os olhos à realidade ideológica do BE (trotskista, maoista e estalinista) e do PCP (marxista-leninista) que sempre apostaram na destruição da classe média; pois, só podem cumprir os seus objetivos ideológicos tendo duas classes em luta; o operariado (trabalhadores) e o patronato (patrões); fundamento da sua ação revolucionária que, ironicamente, só originou, ao longo da história, guerras, injustiças, ódios, opressões, exploração, fome e morte. 

Outrossim, António Costa e o seu Governo, ao cederem aos parceiros apoiantes da sua governação, consentem na adoção de medidas que a maioria do povo não aprova e pelos resultados eleitorais repudia; basta simplesmente pensarmos na percentagem de votantes na esquerda revolucionária e radical e sempre em todas as eleições que se realizaram e no facto mais evidente ainda de que quem ganhou as últimas eleições foi a Coligação de centro-direita PSD e CDS/PP, mas que, pelo golpe matreiro de António Costa, acabou por não formar Governo.

Ora, ninguém duvida que uma revisão das tabelas do IRS, desde os tempos da Troika severamente agravadas, é urgente e necessária; e para que seja justa e democrática deve ser extensiva a todos os contribuintes, tendo em conta os seus rendimentos, parcos que sejam: mas, para isso a Geringonça não pode ir contra a vontade da maioria dos portugueses; porque, assim, o reembolso que, ano a ano, o Estado faz aos contribuintes em sede de IRS não passa de uma falaciosa reposição de um empréstimo que lhe é feito pelos contribuintes. 

Vejamos, por exemplo, numa pensão ilíquida de dois mil e quatrocentos euros (2400 euros) a retenção mensal para o IRS é de 24,5%; ora, este pensionista empresta todos os meses ao Estado, fora sobretaxas e outros adicionais, 593,00 euros, ficando sem essa quantia para os seus encargos familiares e sociais; e, quando no final do ano vai fazer o ajuste de contas, sem juros, o que lhe é devolvido não correspondendo minimamente ao empréstimo feito e vindo fora de tempo, ainda com as novas formas de rapacidade que o esperam, regressa aos cofres do Estado.

Assim sendo, por estes caminhos ínvios que a Democracia vai trilhando, não passamos de uma República de Afetos tão ao jeito e gosto do presidente Marcelo Rebelo de Sousa; mas, pensando bem, não há República, mesmo de Afetos, que vingue, onde existem desigualdades e injustiças sociais; ou seja, onde tanta miséria e fome vai grassando. 

O que nos leva a praguejar: 

– Porra; vai cá uma nortada! 

Então, até de hoje a oito.


Autor: Dinis Salgado
DM

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13 setembro 2017