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Que impere o bom senso…

Ora, se Ricardo Rio viu naquele prédio um ponto estratégico, em visibilidade, para os fins em vista, também o Partido Socialista e o seu candidato, Miguel Corais, viram – nas condições, porventura, precárias em que o mesmo se encontrará – um filão oposicionista a explorar. Talvez por falta de melhor assunto, em termos de matéria programática que surpreenda os bracarenses, alternativo ao do atual edil. Pelo menos a julgar pelo comunicado difundido, recentemente, nas páginas deste conceituado jornal diário e, mais tarde, num segundo em que reiteravam a sua preocupação face a uma hipotética falta de segurança.

Só é pena que os socialistas não citem, ou denunciem, tantos outros edifícios que se encontram em situação análoga, alguns deles em estado de pré-catástrofe. Talvez não o façam porque sabem bem a situação de ruína em que deixaram muitos deles, havendo casos com mais de 30 anos por resolver, sobretudo em pleno Centro Histórico da cidade. Embora com isto não deva deixar de imputar as devidas responsabilidades aos quatro anos da atual gestão camarária que muito pouco tem feito pela regeneração urbana. 

O alerta do PS veio, de certa forma, irritar toda uma coligação ciente de que o perigo está fora de questão, dadas as obras de reforço que foram realizadas a nível da “fenda” causadora de instabilidade. O que nos deixa expectantes para sabermos quem é que está a falar verdade. É que se os socialistas se arrogam com algum conhecimento de causa sobre o assunto em questão, também a coligação estará por dentro dele. Assim, o que trespassa para a opinião pública é uma espécie de cantiga do “só nós dois é que sabemos”. Porque, ao que segundo me parece, nenhuma outra candidatura aludiu, com tal profundidade, ao problema. 

Será que estaremos perante uma “sede” de polémica própria de quatro anos de secura de projetos para uns e de desgaste pelas festas para outros? Ou este alerta do PS terá, porventura, a sua razão de ser, não restando outra solução à coligação se não a de mudar de poiso? É que o assunto deveria ser considerado muito sério para ser usado como arma de arremesso político, para que ambas as partes não saiam chamuscadas dos pobres pontos de vista que ambos apresentam.

Portugal, ainda vive enlutado por algumas tragédias. Mas se tivéssemos responsáveis sérios e ágeis na prevenção talvez pudessem ter sido evitadas, ou menorizadas. Não querendo com isto dizer que haja boa-fé da parte de quem denunciou a situação da sede em questão. Até porque convém recordarmo-nos de que também eles usaram como sede de candidatura, em tempos do “Mesquitismo”, o velho tribunal. O qual, mais tarde, viria a sofrer uma derrocada que o deixou no estado em que se encontra há algumas décadas.

Portanto, não é sem propostas válidas e “convincentes” – para Braga – que a concelhia e o putativo candidato do PS reconquistarão a confiança perdida de alguns socialistas, ressabiados, ou a dos eleitores bracarenses indecisos. Nem quem detém o poder, atualmente, dá o melhor exemplo do cumprimento da legalidade aos seus apaniguados. É que se fosse um particular a usar um prédio “instável” para fins privados certamente que os serviços camarários não o licenciariam. Daí esperar-se que, acima de tudo, impere o bom senso, a segurança dos cidadãos e os interesses da cidade.

 

Autor: Narciso Mendes
DM

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11 setembro 2017