Inicialmente pensou-se que esta pandemia do Covid-19 era um vírus que todos julgávamos que, com o tempo, tudo passaria e regressávamos à normalidade, nós que não conhecemos outra forma de viver senão numa sociedade livre, arreigada e democrática. Mas de um momento para o outro tudo se desmoronou e com o surto conquistamos uma prisão domiciliária, perdemos a liberdade e a paz e o futuro ficou incerto pelo que não sabemos o que nos espera, mas sabemos que a praga parou a economia mundial.
Enquanto ligado à área do desporto e da educação física, questiono-me o que será o futuro destas atividades que congregavam um elevado número de praticantes e promoviam grandes espetáculos.
As modalidades desportivas praticadas em Portugal, que não o futebol, estão a sofrer perdas "muito relevantes" durante o período de paragem. Segundo o coordenador da licenciatura de Gestão de Organizações Desportivas da Escola Superior de Desporto de Rio Maior, Alfredo Silva, estas modalidades estão a sofrer de "ausência de receitas", por um lado, e de "manutenção dos custos fixos", por outra, o que leva a um "resultado negativo considerável" e inimaginável.
«Para além das federações desportivas, podemos considerar os cerca de nove mil clubes existentes em Portugal», recorda o especialista, que lembra que cerca de 6% da população portuguesa (+ 600 mil pessoas), estão filiadas em alguma das mais de sessenta federações desportivas reconhecidas pelo estado.
Segundo estudos da Escola Superior de Desporto de Rio Maior, à margem do futebol (um mundo à parte), no que toca a receitas e gastos quando comparado com a realidade de outras modalidades, há cerca de 450 mil praticantes federados.
Dentro desses trabalhos, é estimado "um gasto mensal médio de 30 euros", por praticante, o que se traduz pelas contas, em mais de 13 milhões de euros de perda num cenário em que as competições e treino estão paradas há mais um mês.
O especialista em marketing desportivo e diretor executivo do Instituto Português de Administração de Marketing, Daniel Sá, referiu à Lusa que «a indústria do desporto na Europa gera 290 mil milhões de euros por ano e emprega sete milhões de pessoas», não existindo números concretos para Portugal, no qual será, ainda assim, "uma fatia muito grande" da economia nacional.
«De atletas, a federações e organizadores de eventos, tudo o que está dentro do desporto, veja-se o impacto que terá em termos europeus», comenta.
O docente lembra ainda que há riscos de desemprego e redução salarial no desporto, e que vai depender "da capacidade de cada entidade" responder à crise, elencando vários setores que têm peso em Portugal, como "a indústria do golfe, que é muito importante".
O surto espalhou-se por todo o mundo, tendo levado a OMS a declarar uma situação de pandemia.
Inicialmente alguns eventos desportivos foram disputados sem público, mas, depois, começaram a ser cancelados/adiados, entre os quais se destacam os Jogos Olímpicos Tóquio‘2020, o Euro’2020 e a Copa América, ou suspensos, nos casos dos campeonatos nacionais e internacionais de todas as modalidades.
Por esse facto uma nuvem negra paira sobre o futuro do desporto em todo o mundo não sabendo nós o que irá acontecer.
Autor: Luís Covas
Que futuro para o desporto?

DM
24 abril 2020