Os responsáveis pelas sociedades, associações ou instituições devem ter como objetivo (e dever primordial) o desenvolvimento social das pessoas, ou seja, o seu bem-estar, a justiça, a saúde, a educação, a igualdade de oportunidades, a promoção de salários dignos, do pleno emprego e do respeito pelos direitos de todos. Estes objetivos nunca se atingirão, a não ser por meio de um desempenho de funções honesto, desprendido, justo, vertical e sem qualquer tipo de aceção de pessoas.
Só assim se acabará com a corrupção, com o desvio de dinheiros públicos e com a sua distorcida e, muitas vezes, maléfica aplicação. Os corruptos, os desonestos ou os desbaratadores do erário público ainda têm a desfaçatez de se vangloriar dos proveitos de dinheiro e de bens patrimoniais mal adquiridos, passeando pelas avenidas das cidades do próprio país e do mundo, exibindo toda uma riqueza obtida pela volúpia gananciosa dos seus desejos ávidos do alheio, galhardeada por uma atividade ardilosa. A impunidade e a parasitagem continuam a ter terreno fértil para viver confortavelmente sem correr qualquer risco de vir a ser incomodadas. Parece que possuem um certificado de livre circulação. Infelizmente, ainda se mantém um grande fosso entre a justiça para ricos (onde reina uma grande impunidade) e a justiça para pobres (onde não há grandes contemplações). Os corruptos e os desonestos tentam ignorar que a coisa mais relevante para se aprender na vida é a ciência de saber como se deve viver no dia a dia, de consciência tranquila.
A felicidade não está meramente naquilo que se tem, mas naquilo que se consegue de um modo honesto e se usa do mesmo modo, no respeito total dos direitos dos outros e estando-se sempre ao serviço das comunidades. Há pessoas que têm objetivos dignos e modelares na sua vida, mas muitas outras arrastam a sua existência mergulhadas na desonestidade, usufruindo de bens que foram obtidos por meios totalmente reprováveis à luz da dignidade humana. Deles nada sai que vá beneficiar os mais necessitados. Se alguma vez o fazem, é por orgulho, mostrando a sua falsa solidariedade, no pressuposto errado de que, assim, vão tapando os olhos dos outros. No seu gesto apenas reina a vaidade, a jactância e o egoísmo. São os falsos beneméritos sociais. As mãos do homem nunca devem respirar desonestidade. Mais tarde ou mais cedo, elas serão corroídas pelo odor pestilento da corrupção que manusearam.
O homem deve ter horizontes nobres e procurar ir para além do mundano, subir mais alto, vencer dificuldades, sentir o desabrochar e o desenvolvimento de todas as suas faculdades superiores de um modo digno, procurando sempre a verdade e a justiça para penetrar e encher todo o seu ser. Dostoievski escreveu: “Não é a inteligência que mais interessa mas o que a guia – o carácter, o coração, as boas qualidades”. O que o homem usa correta e justamente está sempre a aumentar e a enriquecê-lo moralmente; aquilo de que se abusa retrocede, diminui o caráter e empobrece a pessoa humana. Este é o horizonte verdadeiro e único para todas as funções do homem.
Autor: Artur Gonçalves Fernandes
Quando é que chegará a justiça para todos, aplicada de um modo imparcial e equitativo?
DM
16 maio 2019