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PSD vai a votos para escolha do seu líder

1. A actual crise política no PSD tem uma história recente que é fácil de identificar, mas da qual pouco se fala dela. Gira à volta da ideia competência e nasceu de um golpe do populismo e basismo.

Protagonistas principais: Relvas e Passos Coelho. Para afastar aqueles a quem chamavam os barões do partido. Quem se não lembra das trapalhadas de Miguel Relvas? Detestavam os chamados barões do partido. E juraram apeá-los do poder.

Podem queixar-se da mentalidade de barões, mas a verdade é que, entre esses ditos barões estavam os mais competentes. É a questão se é legítimo haver elites. É verdade que era preciso mudar essa mentalidade de casta, porque um partido não se pode constituir em castas, mas nunca que o basismo tomasse o poder sem ter competência para isso. Foi o descalabro. A partir daí, o PSD nunca mais foi o mesmo e arrastou-se penosamente por estes anos fora. E, com ele, o país.

Não digo que não houvesse boa vontade da parte dos que conseguiram tomar o poder, mas digo que só boa vontade não basta para saber governar. Basta olhar para as escolhas de deputados, para os cargos directivos do partido, para tantos presidentes de câmara que nem para regedores serviam. Um dia destes, falaremos disso.

Hoje, há um outro assunto mais urgente que é traçar o perfil de um líder político que vai ser escolhido. Claro que o assunto não é assim tão simples que se possa dizer em meia dúzia de linhas, mas tentaremos abreviar. A questão fundamental é esta: que qualidades precisa de ter um candidato a líder político?

1.1. Antes de mais, deve ter um percurso profissional reconhecido e com êxito. É fundamental. Candidatar-se para gerir o partido e possivelmente depois o país exige que o candidato tenha experiência da vida real. E ter experiência da vida real não é ser funcionário do partido ou de qualquer trabalho da Função Pública.

Precisa de ter um percurso profissional. Líderes de aviário dão os resultados que se conhecem. Já chega dos partidos criarem aviários de líderes partidários. Já chega…Se é difícil gerir o seu próprio negócio ou empresa, como é que vai pretender gerir o país? Portanto, os eleitores precisam de saber, antes de mais, o seu percurso profissional.

1.2. Qualidades de personalidade para ser candidato a líder: inteligência, competência, maturidade, sabedoria e carácter. Sem perspicácia de inteligência, sem maturidade e sem sabedoria de vida e sem carácter não se pode ser líder. Por aqui se vê que tipo de pessoa se exige para poder concorrer ao lugar de líder.

1.3. Gostar de política e ter ética na vida. Ser sério é muito importante, mas se não gostar do exercício da política não chega. Tem de gostar da acção política e de a fazer com gosto, de estar próximo das pessoas, de acompanhar a vida social. Isso implica ter qualidades pessoais de comunicação, capacidade de ouvir e de resolver problemas.

1.4. Honestidade e compromisso com o povo. Prometer demagogicamente tudo para obter o voto do povo e depois não poder cumprir o que prometeu ou nem sequer se preocupar com isso é falta de seriedade. É falta de carácter e demagogia. Sem honestidade não se pode ser líder. Pode-se ser outras coisas, que todos sabem, mas líder não. Sem sentido de compromisso com o povo também não dá para ser candidato a líder.

1.5. Criar um canal de comunicação entre eleitores e eleito. Ouvir o povo, acompanhar a acção política e estar sempre disponível para resolver as crises que vão surgindo. O povo tem de saber que conta com alguém para expor os seus problemas. A democracia não é apenas depositar o voto no dia das eleições, mas é todos dias. Essa tem sido a grande falta democrática que leva ao descrédito e afastamento do povo.

1.6. Responsabilidade e transparência. São duas palavras chave para bem governar. As decisões do poder têm de ser transparentes para evitar o nepotismo dos favores aos amigos e a corrupção. O bem comum é de todos, não é só para os amigos e as cunhas. Transparência de decisões e sentido de responsabilidade. Não à corrupção.

Se forem respeitados estes critérios para a escolha do líder, de certeza que vamos ter um avanço político significativo. Deixem governar os que têm qualidades para governar. Não somos todos iguais. Cada um só pode fazer bem aquilo que for capaz de fazer.


Autor: Henrique Maia
DM

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12 janeiro 2018