#EParaCumprir! Exemplo: um Professor Auxiliar (ou equivalente, Professor Adjunto, etc.) ganhava em 2009 €2.436,12; em 2018 ganha €2.155,03: menos 12%! Assim, o valor real de 2009 corrigido para efeitos de inflacção seria €2.677,00, i.e., uma diferença de mais de €520,00 por mês!
Imagine-se agora instituições lusas que não querem aplicar a progressão remuneratória que a lei obriga por avaliação positiva dos próprios professores e investigadores nos últimos anos! Então acabem já com a avaliação porque passa a ser uma burla criminosa!
Vivemos com a 2ª electricidade mais cara da Europa: 27/3/18, Expresso, M. Prado; só este facto é criminoso), água, casa, portagens (PPP’s), combustíveis, comida, saúde, ou transporte privado sem alternativa pública.
É uma perda de salário real que se aproxima do insustentável nível social, político, cultural. Provocando a emigração de cérebros para países “caçadores de cabeças”. Quando é a própria OCDE-Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico, a realçar que o investimento na Ciência e no Ensino Superior é a principal racionalidade para o desenvolvimento: “OCDE pede investimento sem precedentes na Ciência e no ensino superior” (S. Silva, Público, 9/2/18), adiantando: “Investimento público tem que duplicar para cumprir metas europeias.
Privados também têm que gastar quatro vezes mais para que despesas atinjam 3% do PIB em 2030. Relatório da OCDE defende criação de grupo inter-ministerial para o sector”. Ora, o investimento nos seres humanos é portanto essencial: professores, investigadores, funcionários, alunos e, portanto, famílias, amigos e cidadãos.
Estamos a falar de pessoas que cada vez mais contribuem para que as instituições do ensino superior – públicas e privadas -, venham a apresentar inclusive lucros económicos, sociais, políticos, culturais, mas também mentais. Não tem preço!
Além de estarmos a falar de seres humanos que circulam pelo mundo servindo missões de verdadeira atracção económica incluindo a realização e participação na organização de congressos.
Provocam a vinda de inúmeros estrangeiros a Portugal, e, entre eles, algumas pessoas de grande poder económico ou muitas das grandes empresas mundiais (também locais) que nasceram, elas mesmas, de ideias de estudantes universitários!
A Constituição da República Portuguesa, bem como os Tratados da União Europeia, têm por base a Dignidade do Ser Humano. E quando falamos do desprezo vergonhoso dos salários dos actores do ensino superior português, estamos também a falar do prejuízo da sociedade como um todo.
Como refere o https://epocanegocios.globo.com, 13/3/18, não é por acaso que: “Na Suíça, deputado não tem benefícios e ganha menos do que professor”: leiam! Como já referiu a Ministra da Educação da Finlândia, o “… segredo está no alto nível de formação dos docentes e na liberdade que eles têm em sala de aula”, 30/3/16, http://www.cartaeducacao.com.br, “Professor, o foco do sistema educacional finlandês”.
Recorde-se que as melhores universidades do mundo: Países Nórdicos, Alemanha, Japão, são públicas e, em grande parte dos casos, não têm propinas. Muitas não aparecem nos “tops” internacionais, mas são as que na prática fazem os países com maior qualidade de vida do mundo: Finlândia, Noruega (que conheço bem dado ter lá tido familiares a viver a até a nascer), Dinamarca, Islândia, Suíça, Holanda, Canadá, Nova Zelândia, Suécia e Austrália (https://veja.abril.com.br, 14/3/18).
Escandalosa a precariedade em Portugal de inúmeros professores e investigadores: https://redeinvestigadores.wordpress.com/. Para muitos deles nem sequer se está a cumprir o PREVAP-Programa de Regularização de Vínculos Precários na Administração Pública, o qual está previsto na legislação.
Caras leitoras e caros leitores, estão a querer fazer de burros muitos professores e investigadores que foram sempre avaliados por cima ao longo da sua vida. E para isso muito abdicaram de muitas outras actividades. Basta!
Autor: Gonçalo S. de Mello Bandeira