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“Preso por ter cão e preso por não ter”…

Pois bem, com todos os aplausos possíveis, recentemente, a Câmara Municipal de Braga celebrou com o governo um protocolo para a abertura, prevista no início deste mês, do Centro de Integração Social de Vítimas de Violência Doméstica, que terá como função receber pessoas de todo o país, proporcionando-lhes um espaço de apoio psicológico e apoiando-as em todas as fases que traduzam materialmente o afastamento presencial do conflito, a melhoria ou o recomeço qualitativo de uma vida tranquila, estável e psicologicamente restabelecida para voltar à sua autonomia física e mental.

Veio à liça em alguns jornais cá da terra, um turbilhão de manifestações de cinismo e perplexidade da “profecia cor-de-rosa” timbrada à preocupação das grandes obras, sobre a banal estranheza de só agora, melhor dizendo, em época pré-eleitoral, do edil bracarense abraçar este meritório projecto altruísta, coisa jamais observada durante décadas atrás.

Já habituados a ver o ranger de dentes careados e sintomatizados a nervos miudinhos de cidadãos pouco acostumados à diferença do passado com as boas ideias do presente, há uma pressuposta dificuldade em depreender esta maciça campanha depreciativa alusiva à implementação de novos conceitos estratégicos de actuação do município em criar novas infra-estruturas sociais, económicas, culturais, financeiras e ambientais.

Ao contrário dos pergaminhos, e ao som do megafone da política caseira oposicionista, a Fundação António Silva Leal, promotora da primeira casa-abrigo para homens vítimas de violência doméstica em funcionamento há seis meses, foi amplamente elogiada pela secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade, proferindo um discurso isento e de rigor, afirmando a governanta (PS) que não há cores partidárias para combater uma situação grave como a que vivemos num período instável e de elevada taxa de conflitualidade entre as pessoas.

É fundamental singrar e ultrapassar barreiras sectaristas de natureza partidária para uma visão mais dimensionada, separando com eficácia o trigo do joio, isto é, o cartaz atrativo das obras feitas para campanha de sensibilização eleitoral, e aliança neutra com a governação em iniciativas humanísticas e socialmente abrangentes aos pedidos de ajuda de maus-tratos físicos ou psicológicos.

Acredito como pilar nobre da boa causa, que a Câmara Municipal de Braga esteve desmedidamente aberta, sem nada na manga, com grande espírito de dedicação, quando recepcionou o brilhante convite da governação central, em instalar na capital do Minho um Centro de Integração Social de Vítimas de Violência Doméstica.

Há certas matérias de sensibilidade social que não devem ser usadas como abordagem de contra corrente política para surpreender pela sua dúvida de idoneidade a ficção das ferramentas logísticas para uma campanha eleitoral junto dos cidadãos, compilada à inexactidão, pois resultaria uma decepção marcante ao percebemos que fomos apanhados pela audácia profícua de quem usa a comunicação social para proveito próprio e nem sempre com verdade.

A Câmara de Braga está de parabéns. E sem dar importância ao calendário tão apregoado na tumba do radar da oposição local, é salutar reconhecer que lhe é merecido através do enraizar de iniciativas sociais tendentes de ir ao encontro da imprescindível ajuda às pessoas vulneráveis ou fragilizadas e vitimadas por um período traumático de violência doméstica de vária ordem. 


Autor: Albino Gonçalves
DM

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3 abril 2017