- Na semana em que começa o Mundial, o centro da informação continua a ser o que se passa no futebol nacional. A situação de um dos maiores clubes portugueses está a revelar-se um verdadeiro – e muito preocupante – «case study».
- Intermináveis rios de tinta e ilimitadas horas de conversa são gastas a escalpelizar o problema. Não falta quem aponte saídas. Mas quem se mostra capaz de implementar uma solução?
- Como se pode mobilizar um grupo quando se cavam divisões no seu seio? Quando o adversário está fora, o grupo une-se e motiva-se. Já quando os atritos surgem dentro, o grupo divide-se e desagrega-se. Como chegar ao êxito assim?
- Se as pressões são sempre inibidoras e as acusações afectam o rendimento, o que dizer da violência física? Ninguém se espanta com a acção de muitos adeptos. O que surpreende muitos é a reacção de alguns dirigentes.
- Um dirigente não deixa de ser adepto, mas não pode ter atitudes de um simples adepto. Dele se espera um acréscimo de autodomínio e comedimento. As massas já não se destacam pela moderação. Porquê excitá-las ainda mais?
- É natural que, como qualquer adepto, um dirigente se alegre com as vitórias e se angustie com as derrotas. Mas tem de se conter no momento dos festejos e no rescaldo dos insucessos.
- É sabido que, nessas alturas, as emoções costumam estar pouco controladas. É por isso que um dirigente deve ser, não um inflamador de ânimos, mas um amortecedor de tensões.
- Acontece que há dirigentes que não são apenas o reflexo dos adeptos dos seus clubes, sendo também o espelho das mutações sociais. Há quem não lide pacificamente com a contrariedade. Há quem não tenha paciência para com as falhas. E há quem reaja destemperadamente às adversidades.
- Não admira pois que, apesar das ondas de contestação, sejam muitos os adeptos a defender lideranças intempestivas. Quando não celebram a conquista de títulos, «aclamam» os líderes pelas suas reacções aos fracassos.
- Daí que o «presidente-adepto» seja igualmente um «presidente repto». Há quem não aceite determinado presidente no clube. Mas também há quem não imagine o clube sem tal presidente. Quem vai levar a melhor? O clube do presidente ou o presidente do clube?
Autor: Pe. João António Pinheiro Teixeira