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Precisamos de uma «pastoral da estafeta»

  1. O geral, se não for (também) concreto, nem geral consegue ser. De facto, só na medida em que se concretiza totalmente é que o geral se torna…geral.
Habitualmente, costumamos programar, avisar e…aguardar. Outrora, bastava o sinal do sino. Quando ele se ouvia, (quase) toda a gente aparecia. Acontece que esse sinal («sino» significa precisamente «sinal») mobiliza cada vez menos.
  1. As convocações generalizadas atingem praticamente os mesmos ou poucos mais.
É, portanto, chegada a hora de sermos mais concretos: no discurso e (sobretudo) na acção.
  1. Em linha com a recomendação do Evangelho — «recebestes; dai» (cf. Mt 10, 8) —, quem vai deve convidar outro(s) a ir.
Porque a Igreja é por natureza missionária, ninguém pode limitar-se a receber; quem recebe há-de propor a outros que também se disponham a receber.
  1. Usemos todos os meios — incluindo os digitais — para a todos chegar e convocar. É, entretanto, fundamental que o façamos de uma forma personalizada e convicta.
Não basta, com efeito, distribuir boletins ou publicitar apelos. É urgente que cada um diga a outro: «A sua presença é importante e bem-vinda». A resposta pode não vir de todos. Mas a proposta terá de chegar a todos.
  1. Eis o que poderíamos denominar — um pouco prosaicamente — «pastoral da estafeta»: quem participa é chamado a convidar outros a participar.
Espaços de intervenção para corporizar este convite não faltam: a casa, a rua, o trabalho, o café, o «sms», o «messenger», etc.
  1. Se convidamos para refeições e convívios, porque não convidar para a Eucaristia, para a adoração, para a formação e para o apoio aos pobres?
É vital deixar cair o temor e passar a agir sempre com amor. Aquele que deu a vida por nós não merece que convidemos a ir ao encontro d’Ele?
  1. Não esqueçamos que — hoje — nós somos as mãos, os pés e os lábios de Jesus. Ele chega aonde nós chegarmos.
Aliás, foi Ele mesmo quem assegurou: «Quem vos ouve, a Mim ouve» (Lc 10, 16).
  1. É claro que, além de convictos, temos de ser convincentes. É por isso que a «palavra da vida» é mais decisiva que a «palavra dos lábios».
As pessoas carecem de ver o que mostramos e não somente de ouvir o que dizemos.
  1. A fé transmite-se com a vida e cativa com gestos que dêem sentido à vida.
A melhor forma de persuadir — como notou Ezio Aceti — é mostrar «a alegria de estar com Jesus».
  1. Se a nossa vida se transformar, não faltará quem queira transformar também a sua.
Não deixemos, pois, de ir ao encontro de todos. E de mostrar — com a nossa existência transformada — que a presença de cada um é (muito) desejada!
Autor: Pe. João António Pinheiro Teixeira
DM

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24 julho 2021