O Forum Altice Braga foi o palco escolhido para a apresentação pública da ConfMinho – Confederação Empresarial do Minho. Doze associações empresariais uniram-se, atentas a um território cheio de potencialidades ao qual se associa a Galiza, sob o olhar atento do Presidente da República, dos Ministros do Planeamento, da Coesão Territorial, Infraestruturas e da Habitação e da maioria dos autarcas da região. A capacidade de ultrapassar os desafios da competitividade e da Inovação marcaram a cerimónia e deixaram claro o que é preciso fazer para aproveitar de forma racional os Fundos Europeus para a Euro-região.
Para escrever esta crónica, decidi falar diretamente com empresários e escolhi dois: Nuno Lameiras e Bruno Rodrigues administradores do grupo Três60(BLX) composto por 24 empresas, a que se juntou o seu diretor de inovação, Jorge Saraiva, com quem já partilhei, neste espaço, uma visão para o futuro da governação das cidades. Embebido no espírito do evento, onde só se falou de captação de fundos e do mérito em unificar as múltiplas associações, de forma a melhorar a sua capacidade de atração de fundos, tive curiosidade em conhecer a opinião destes empresários e um dos maiores empregadores de Braga.
“A nossa aposta não se centra nos fundos comunitários, mas sim na inovação” explica Bruno Rodrigues. “Os desafios são tantos e tão profundos que acreditamos que apenas as empresas com elevada capacidade em inovar irão prosperar a médio prazo!”. Curiosa a posição destes empresários locais face aos fundos. “O alinhamento com a estratégia de desenvolvimento qualificado, profundamente orientado para o cliente, é o que nos tem permitido assumir posições de referência nos diversos mercados onde atuamos”, acrescenta Nuno Lameiras. Contudo, a questão mais premente que se deve colocar reside na correlação entre fundos e a inovação da economia.
Na opinião do diretor de inovação do grupo “apesar de ser verdade que muitas empresas têm departamentos e unidades para a inovação, frequentemente, a sua atividade resume-se a elaborar candidaturas e gerir fundos”. Jorge Saraiva tem razão: Analisando os dados da Agência Nacional de Inovação, apenas 32% das empresas inovam e muito poucas convertem inovação em sucesso comercial. Esta realidade é visível na correlação entre fundos e desenvolvimento. Veja-se o exemplo da Estónia: enquanto o Portugal2020 atingiu os 28,5 mil M€ no primeiro trimestre deste ano, a Estónia ficou abaixo do 5 mil M€. A diferença está aí: o país ultrapassou Portugal ao nível de PIB per capita e mais que duplicou o volume de exportações, apesar de ter taxas máximas de IRC e IRS (20%). O que faz a diferença é que os estonianos colocaram o foco na Inovação e na digitalização.
O papel das cidades é, neste capítulo, fundamental. Recentemente, Carlos Moedas reclamou para si o pelouro da Inovação, liderando o processo do desenvolvimento da cidade e da economia. No caso de Braga, a sua presença entre os oito finalistas para a The European Rising Innovative city, exige que se posicione na Inovação como forma de recuperar economicamente.
A inovação, contudo, não se desenvolve somente com fundos ou com reconhecimento internacional. São fatores importantes, mas não suficientes. De acordo com o diretor de Inovação da BLX “a inovação precisa de um terreno fértil ou de um ecossistema co-criativo para se desenvolver, o que passa pelo diálogo entre empresas e empresários, universidades, talentos e governo local”, no que é uma resposta à visão integrada que venho defendendo desde 2011.
Moldar o ecossistema de inovação local, explorando as sinergias entre os diversos players do setor público, empresarial, academia e sociedade civil, é um dos principais critérios de seleção para as capitais europeias da Inovação. “Braga já teve um ecossistema semelhante com origem na sociedade civil. Quando o movimento cívico DishMob, composto por cerca de cinco mil elementos, se reunia mensalmente para jantar surgiram, de forma espontânea, propostas de desenvolvimento de indústrias tradicionais como a da moda e turismo.
No caso dos empresários, com quem falei, tudo começa com a sinergia interna no grupo empresarial. “O nosso progresso depende das sinergias entre as empresas que operam em áreas tão diversas como energia, telecomunicações ou gás natural, sem esquecer que cidade e a Universidade devem ser aliados do ecossistema para desenvolver dois critérios extremamente relevantes para a seleção da capital de inovação emergente: um ecossistema de experimentação e testbeds de novos modelos assente numa estrutura empresarial aberta capaz de escalar as inovações para o mercado”. Assim se fala em modo inovador.
Autor: Paulo Sousa