Monstros existentes através da “arte de fazer política”, o mundo conhece-os, ou deles a História os tem apresentado. E se há, houve e continuará a haver monstros políticos, pode-se afirmar que ao redor deles existem os monstrinhos. São os muitos monstrinhos que fazem um monstro, como se sabe. Ora nós, pequeno país, se tivemos a sorte de nunca ter monstros, do mesmo não nos podemos ufanar quanto à existência de monstrinhos – embora dispersos – que nos têm feito andar à velocidade das tartarugas, quer no aspecto económico, profissional e social.
O presente intróito, para dizer que neste Agosto de 2017 me ausentei da residência habitual e da escrita, mas reflectindo, fazendo apontamentos. Então perguntei-me, se o que dava aos “Ecos do nosso mundo” semanalmente, se era bastante para os leitores e para o Director do jornal, principalmente se as crónicas tinham aromas cristãos, isto é, se não passava de um impostor a nadar nas águas do Catolicismo.
Assim, nesta luta interior, nesta necessidade intrínseca de destampar fragilidades ou incompetências dos monstrinhos que governam, todos os meus apontamentos, das meditações neste Verão, sobrepuseram-se, mais uma vez, as tragédias dos incêndios neste terrível ano de 2017, que colocou Portugal em estado peladiço e negro, com mais de sessenta vítimas mortais! Tudo isto, claro está, fruto de monstrinhos: uns organizados, outros não.
A Protecção Civil e o Serviço Nacional de Bombeiros, emanação directa do primeiro-ministro António Costa, quando ministro da Administração Interna em 2005/2007, revelou-se rigorosamente ineficaz, dramático. Outras instituições falharam sem que se entenda tal calamidade. Mau, mas muito mau, terrível até, é recordarmos Miguel Freitas do PS, que em Novembro de 2013, acusou o Governo de Passos Coelho de se “tentar desresponsabilizar” pela falta de “estratégia e meios de combate” nesse Verão, e que provocaram a morte de nove pessoas, como se sabe.
António Costa foi de férias no auge do peladiço nacional, escondeu-se, atenuou com sorrisos a desgraça florestal e procura que o povo pense que no combate aos incêndios, os mais de sessenta mortos foi uma desgraça natural que não se podia evitar e, tenta, com água conspurcada, benzer incompetências e facilitismos.
Jorge Gomes, também do PS, em Abril passado, quando da apresentação oficial do Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Florestais, afirmou: “Exigimos mortes zero no combate aos incêndios florestais, porque já morreram pessoas de mais nos fogos”. Longe estava este inexperiente socialista, de que nada nem ninguém – do Governo, pois claro – imaginava mais uma tragédia, tendo como sempre, nas tragédias nacionais, Governos socialistas, como num artigo anterior afirmei.
Pelo que – e continuando nos “entretantos” doutros monstrinhos – agora, avança também Passos Coelho do PSD – que não mostrando respeito pelo actual Portugal peladiço e negro, bem como pelas mortes registadas – pergunta ao Governo “ageringonçado” onde estão os donativos dos portugueses, dados para as vítimas de Pedrógão Grande! Mas quando o Governo de A. Costa, conhece os donativos dados por milhares de portugueses às vítimas dos incêndios e, nada explica à oposição onde está o dinheiro, a quantidade arrecadada, para que fins e se demora na sua distribuição aos desesperados, o povo frustra-se, revolta-se e pergunta que fazem e que representantes tem na casa que devia ser a Casa da Democracia e a Casa de Prestação de Contas a todo o Parlamento.
Esta situação é grave, é faltar à transparência e pode levar a desvios do dinheiro. É haver possibilidades de tais dádivas serem desviadas para os bolsos de alguém ou serem indevidamente aplicadas. Mas, rigorosamente, politicamente, Passos Coelho não devia (nunca) querer saber onde estão os donativos, uma vez que ele mesmo fez desvios de dinheiro indevidamente, no seu Governo. Utilizou dinheiro da ADSE (Assistência aos funcionários do Estado) e, como Sócrates, não pagou as reformas por inteiro aos pensionistas do Estado e muito mais.
Passos Coelho nunca prestou contas ao país, onde, quanto e em quê aplicou o dinheiro sonegado – que eram ordenados e quotas de quem trabalhou, e não donativos. Entendo que ser Oposição é querer e provar ser melhor que Governo, e nunca ter memória(s) curta(s). Ou não será assim?
(O autor não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico).
Autor: Artur Soares