Ninguém dúvida que o desmoronamento do país acontece com os dois anteriores primeiros-ministros, Sócrates e Coelho. Ambos agiram dolosamente contra os portugueses, fizeram do país mais pobre, colocaram milhares na fome, sacaram-lhes o insacável, engoliram-se vexames, perdeu-se muitíssimo da soberania nacional e a Assembleia da República era uma sala onde se anunciavam os pensamentos e as ordens da União Europeia.
A Passos Coelho e aos portugueses impuseram a festa, este Governo de António Costa. Passos, mereceu-o. Pois gabou-se que “fomos além da Troika” e, antes das eleições legislativas de 2015, dizia que 2016 seria melhor, quanto à austeridade que aplicou, aconselhada por vários(as) Merkels. Mas escondeu – se continuasse como primeiro-ministro – todo um programa de outra (nova) austeridade, quando se preparava para mais um corte dramático aos pensionistas do Estado, a meio do semestre de 2016, bem como a tardia integração dos precários na Administração Pública. Tudo porque a austeridade – embora mais suave – era para continuar.
Passos Coelho é, politicamente e segundo as minhas premonições, um político arrumado, a substituir. As eleições para as autarquias locais ditarão o seu destino, testemunharão ou não a sua falta de tirocínio na política e na incompetência para a resolução dos problemas nacionais. Todavia, com António Costa e para quem está minimamente atento, o Portugal de hoje é um país que se esconde, com o rabo de fora: é que o povo português – e muito bem – interroga-se de como fomos afundados durante numa década e, agora Costa, num ano deu a volta à má situação em que nos encontrávamos, situação que o Presidente da República acarinha.
A imagem que se dá do actual Portugal, não passa de festa com tambores: publicidade política; números estatísticos que milhares acreditam manipulados; como as migalhas distribuídas, desempregados reais que andam entretidos com cursinhos e actualizações pagas pelos fundos europeus; continuidade de casos de aflição económica em milhares de famílias; de sermos o terceiro país com maior dívida pública, que disparou após o humilhante resgate a que fomos sujeitos e, da realidade sentida nos bolsos dos portugueses: ninguém afirma ter mais dinheiro na carteira e os bancos alimentares continuam em acção, para socorrer os pobres.
E publicitando, e atirando com areia aos olhos de todos, o Governo de António Costa, apoiado pela extrema-esquerda e apreciado por Marcelo Rebelo de Sousa, afirma com toda a compaixão: “a razão deste sucesso, deve-se aos tremendos sacrifícios do povo português!” E nesta democracia e na dor anunciada (deles), para dar mais ênfase ao Portugal que nem parece Portugal, fazem do povo – que fez “tremendos sacrifícios” – uns coitadinhos, uns caladinhos, uns lorpinhas que têm direito a estarem melhor, como só nós o soubemos fazer. Por isso “parabéns e há que apagar uma velinha”, diz também Francisco Louçã.
Assim se faz ruído através de rotos tambores. A Comissão Europeia dos 27, pode dormir tranquila; os que classificam Portugal devem alterar as notas que lhe foram dadas e o selo que fecha e confirma a recuperação pode ser colocado/esmagado com o respectivo sinete – “fim da austeridade”.
Enquanto Costa assim fala, acusa Passos Coelho de ter concretizado o “empobrecimento colectivo”. Coelho, como resposta e dentro do seu bunker-sem-luz, envergonhadamente avisa: “não podemos cometer os mesmos erros!”.
Que mais pode dizer além disto? Mas se fosse um político justo, com filosofia, sociologia, bom em psicologia e perspicácia, reconhecia a sua política dolosa aplicada contra o povo, e acusava o Governo de Costa – não eleito directamente pelos votos dos portugueses – que, embora só precisasse de um ano para fazer o milagre do “fim da austeridade”, não fez investimentos, não há crescimento económico e receitas fiscais que justifiquem tanto ruído e, que os seus cortes, contra salários miseráveis, pensionistas, pequenos aforradores e dilatação do desemprego, tudo se mantém e, por isso, Portugal é um país que continua a libertar aromas de cepticismo, porque a publicidade existe e a mentira é lenta a putrificar-se. Mas P. Coelho não disse! Não pode!
Autor: Artur Soares