A vacinação é definida como o processo pelo qual se inocula um agente (antigénio - partícula estranha ao organismo num corpo), que irá produzir imunidade (defesa) para uma determinada doença.
A generalidade dos países representados na Organização Mundial de Saúde (OMS) apresenta programas nacionais de vacinação, que permitiram uma redução mundial da mortalidade de cerca de 2,5 milhões de crianças por ano. Assim, os programas de vacinação são fundamentais para reduzir o número de mortes, de doenças e suas complicações e de incapacidades. Em Portugal, o programa de vacinação modificou o perfil das doenças infeciosas, diminuiu a mortalidade infantil, erradicou a varíola e eliminou a paralisia infantil, a rubéola, o sarampo, o que contribuiu para que se perdesse a noção da gravidade dessas doenças e se deixasse de valorizar os incalculáveis benefícios promovidos pela vacinação em larga escala.
Atualmente, os programas de vacinação apresentam como objetivos a proteção da saúde, prevenção de doenças, promoção da equidade e possibilitam a igualdade de oportunidades, independentemente do género, da etnia, da cor da pele, da religião, do estatuto social, dos rendimentos familiares ou das ideologias. Em Portugal, o Programa Nacional de Vacinação é universal, gratuito e acessível a todas as pessoas.
Com a vacinação pretende-se, em termos individuais, que a pessoa vacinada fique imune à doença ou, nos casos em que isso não é possível, tenha uma forma mais ligeira da doença quando contatar com o agente infecioso que a causa. Enquanto que a nível da população pretende-se eliminar, controlar ou minimizar o impacto da doença na comunidade. Para tal, torna-se fundamental que a percentagem de pessoas vacinadas na população seja a mais elevada possível, pois uma elevada cobertura vacinal permite imunizar quem é vacinado, mas também evitar a propagação de doenças, na medida que a imunidade de grupo impede a circulação de determinadas doenças (agentes patogénicos).
Por outro lado, cada pessoa não vacinada corre o risco de adoecer e aumenta o risco de transmitir a doença na comunidade.
A OMS apresenta sete razões que justificam a importância da vacinação, como: as vacinas salvam vidas; a vacinação é um direito básico de todos os cidadãos; os surtos de doenças evitáveis pela vacinação são ainda uma séria ameaça para todos; as doenças podem ser controladas e eliminadas; a vacinação é custo-efetiva, ou seja, o seu custo compensa largamente os custos associados ao tratamento das doenças e das suas complicações (incluindo a morte);
as crianças dependem do sistema de saúde dos respetivos países para terem acesso à vacinação gratuita e segura; todas as crianças devem ser vacinadas. Simultaneamente, deve-se ter em consideração que os efeitos secundários das vacinas são ligeiros e desaparecem sem ser necessário tratamento, como dor ou vermelhidão no local da injeção, um aumento ligeiro da temperatura ou dor de cabeça. Em raros casos ocorrem reações adversas mais sérias, no entanto, os serviços de saúde estão treinados para as controlar.
Em Portugal, recomendam-se diferentes esquemas vacinais gerais, em função da idade e do estado vacinal anterior e ainda esquemas vacinais específicos, para grupos de risco ou em circunstâncias especiais.
Devido ao elevado sucesso do programa de vacinação surgiu a ideia de que o risco associado à vacina poderia ser superior ao da própria doença, o que diminuiu a adesão ao programa, comprometendo o seu sucesso e possibilitando o aparecimento de casos de doenças já eliminadas, como o sarampo. Esta doença, que se encontrava quase totalmente erradicada em Portugal desde 1994 e cuja eliminação foi reconhecida pela OMS em 2016, está
a reaparecer na Europa, devido aos pais que preferem não vacinar as crianças. Deste modo, a falta de uma cobertura eficaz de vacinações afeta negativamente as populações, em especial, as mulheres, os recém-nascidos e as crianças.
Deste modo, conclui-se que para se manter o perfil das doenças alcançado é necessário que todos cumpram a vacinação de acordo com o preconizado no Programa Nacional de Vacinação. No caso de ter dúvidas, o utente deve esclarecer as mesmas com um profissional de saúde. Simultaneamente, e neste sentido, devem ser promovidas sessões de
educação para a saúde, numa perspetiva de empoderamento do utente e da população, com o objetivo de aumentar e melhorar a literacia em saúde, permitindo uma decisão informada, livre e esclarecida.
Bibliografia
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Autor: Ângela Valongo