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Por uma vida melhor

1. Hoje, é dia de eleições. Não há propaganda eleitoral partidária. Depois de uns dias de reflexão, é dia de escolha do partido em que vai votar. Cada eleitor opta por uma das propostas eleitorais que lhe foram apresentadas durante a campanha eleitoral, a menos que nenhuma lhe agrade. Apesar de ser um dia de diversidade de escolhas, hoje também é um dia de unidade, todos estão unidos na escolha da melhor solução para o país, ainda que ela possa não ser unânime. Apesar de o dia de hoje também ser um dia de unidade e as escolhas de um terem implicações nos outros, mesmo assim o dia de hoje poderia ser definido como a escolha “por uma vida melhor”. Naturalmente que cada um terá pensado bem naquilo que vai escolher. Dizia-se, no tempo do império romano, que “todos os caminhos vão dar a Roma”. O nosso desejo é que isso possa acontecer a partir de hoje: que todas as opções políticas vão dar ao caminho de uma vida melhor para o país. Bem sei que não é fácil atingir esse objectivo. Requer, pelo menos, três condições a cada eleitor: ser capaz de analisar cada opção política que lhe foi apresentada, avaliar a confiabilidade de quem lha apresentou e fazer uso da memória recente do que até agora aconteceu para ver se vale a pena mudar ou continuar. 2. Analisar as opções políticas que lhe foram apresentadas requer alguma preparação teórica que, infelizmente, nem todos os eleitores têm, porque os partidos também não se interessam muito com isso. Querem é o voto. Para além desse aspecto, também tem a ver com a competência e credibilidade dos partidos e dos líderes que a apresenta. Mas, há outra condição que é mais ou menos acessível a todos: recorrer à memória recente do que aconteceu. É preciso ver se no passado recente as coisas correram como nós queríamos a nível de emprego, de salários e de pensões. A História é mestra da vida. E, ao ajudar-nos a entender o passado, ajuda-nos também a entender o presente e o que se espera do futuro. Não se esqueça de fazer isto: a decisão de escolha é sua. Ninguém escolhe por si. É você quem decide o seu futuro. 3. Quando se começa a estudar Ciências Sociais, depara-se com um conceito que tem mais força e mais influência do que até aí nos parecia: chama-se ideologia. Uma ideologia é um conjunto de ideias e de representações sobre determinado assunto que funciona para o indivíduo como um ideal do que deve fazer na sua vida profissional e social. Esta ideologia tem muita força. Somos muito influenciados por ela. Muitos fazem disso uma espécie de clube no qual se filiam e quase precisam dele para viver. Tendemos a imitar o grupo em que estamos inseridos como uma espécie de segunda família. E os indivíduos que estão mais apegados a uma ideologia fazem mais publicidade dela junto dos outros. Alguns são mesmo fanáticos. Sentem-se mais fortes se tiverem muita gente a seguir a sua ideologia. É por causa disso que fazem os comícios e arruadas com o maior número possível de pessoas para impressionarem os outros. Embora a igualdade seja uma coisa que não existe (não há duas pessoas iguais), eles adoram a igualdade. É por isso que, na altura de tomar uma decisão para fazermos uma escolha acertada e realista, temos de ter os pés bem assentes na terra para não nos enganarmos. Há duas atitudes que nos ajudam a ter os pés na terra na altura de fazer essa escolha do caminho da nossa vida: a realidade e a experiência da vida, o que há pouco chamamos memória mais ou menos recente. Há a dimensão pessoal, porque somos indivíduos; e há a dimensão social, porque vivemos em grupo, em sociedade. As duas dimensões são inseparáveis. Somos um ser pessoal e um ser social. Compete a cada um escolher como funciona essa relação entre o nível pessoal e o nível social. Ninguém pode fazer essa escolha por nós. Tem de ser uma opção sua. Finalmente, quem escolhe uma opção política não vota só para si, vai influenciar também a vida dos outros. Não se esqueça disso quando for votar. Olhe por si, mas seja também solidário com os outros.
Autor: M. Ribeiro Fernandes
DM

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30 janeiro 2022